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Trump adverte antes de reunião com Netanyahu para risco de guerra mundial se falhar eleição

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O ex-Presidente norte-americano Donald Trump advertiu hoje, antes de um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que haverá uma "grande guerra" no Médio Oriente e talvez uma "terceira guerra Mundial", se falhar a eleição nas presidenciais de novembro.

"Se ganharmos, será muito simples", declarou aos jornalistas, antes da reunião, o político republicano, que volta a ser candidato nas presidenciais de 05 de novembro, mas deixando um aviso para o caso de sair derrotado: "Vamos acabar com grandes guerras no Médio Oriente e talvez com uma Terceira Guerra Mundial".

Para o ex-líder da Casa Branca, o mundo está hoje mais perto de um conflito global do que "em qualquer outro momento desde a Segunda Guerra Mundial".

Trump recebeu calorosamente na Florida o primeiro-ministro israelita, no primeiro encontro dos dois políticos desde 2020, quando as relações entre ambos esfriaram devido à vitória eleitoral do democrata Joe Biden sobre o ex-líder da Casa Branca.

Segundo a agência Associated Press (AP), Trump aguardava nos degraus de pedra, à porta da sua mansão em Mar-a-Lago, em Palm Beach, na Florida, para cumprimentar o chefe do Governo israelita, que está no quinto dia de uma visita de uma semana aos Estados Unidos, com o objetivo de reforçar o apoio à guerra contra o grupo islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.

Perante os jornalistas antes de se sentarem para conversações, Netanyahu entregou a Trump uma fotografia emoldurada que, segundo o líder israelita, mostrava uma criança levada por combatentes do Hamas no ataque no sul de Israel em 07 de outubro, que provocou quase 1.200 mortos e desencadeou o atual conflito.

"Vamos tratar disso", comentou Trump, que tentará em novembro um regresso à Casa Branca, após ter sido derrotado em 2020 por Joe Biden e contestado os resultados eleitorais alegando fraude.

Trump rompeu relações com Netanyahu no início de 2021, depois de o primeiro-ministro israelita se ter tornado num dos primeiros líderes mundiais a felicitar Biden pela sua vitória.

"Bibi [diminutivo do nome do primeiro-ministro de Israel] podia ter ficado quieto", comentou na altura Trump em entrevista a um jornal israelita, acrescentando: "Ele cometeu um erro terrível".

Enquanto Presidente, Trump foi muito além dos seus antecessores no cumprimento dos principais desejos de Netanyahu por parte dos Estados Unidos, como a transferência da embaixada norte-americana de Telavive para Jerusalém, medida fortemente criticada pela maioria das diplomacias ocidentais, pelos movimentos palestinianos e seus aliados árabes na região.

Para Trump, o encontro de hoje poderá fortalecê-lo como um aliado e a sua imagem de estadista, bem como intensificar os esforços dos republicanos para se apresentarem como o partido mais leal a Telavive, enquanto, para Netanyahu, restaurar as relações com o ex-líder da Casa Branca é imperativo, dada a perspetiva de que possa voltar ao poder do país que é principal fornecedor de armas a Israel.

Netanyahu e Trump encontraram-se pela última vez numa importante e simbólica cerimónia na Casa Branca, em setembro de 2020, de assinatura de um acordo mediado por Washington, no qual os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein concordaram em estabelecer relações diplomáticas com Israel.

Em mensagens e declarações públicas após a sua rutura com Netanyahu, Trump disse ter arriscado o pescoço por Israel como Presidente e recebeu em troca deslealdade do líder israelita.

Criticou ainda Netanyahu mais recentemente, acusando-o por exemplo de "não estar preparado" para os ataques do Hamas em 07 de outubro que deram início à guerra na Faixa de Gaza.

Hoje, o republicano voltou ao seu legado na Casa Branca para dizer: "Nenhum presidente fez o que eu fiz por Israel", segundo a agência EFE, durante o que parece ser o final de um almoço, segundo um vídeo publicado nas redes sociais.

Netanyahu, por sua vez, agradeceu a Trump o trabalho que realizou para "promover a estabilidade na região através dos dois Acordos de Abraão e da mudança da Embaixada dos Estados Unidos em Israel para Jerusalém", segundo a campanha do ex-Presidente norte-americano.

Numa declaração após os dois políticos terem iniciado a sua reunião, a equipa de Trump disse que o candidato republicano se comprometeu a "fazer todos os esforços para levar a paz ao Médio Oriente" se for eleito.

Prometeu também combater o antissemitismo nas universidades, em alusão aos protestos estudantis nos Estados Unidos há cerca de dois meses contra a invasão israelita da Faixa de Gaza.

A viagem de Netanyahu à Florida segue-se a um discurso enérgico numa sessão conjunta das duas câmaras do Congresso na quarta-feira, e a encontros, no dia seguinte, com Biden e a sua vice-Presidente, Kamala Harris, que anunciou no domingo a candidatura à Casa Branca contra Trump.

Harris avisou Netanyahu que "não irá permanecer em silêncio" em relação ao sofrimento humano na Faixa de Gaza e disse que chegou o momento de assinar um acordo com o grupo islamita palestiniano Hamas para um cessar-fogo no enclave.

Em reação, Trump declarou que os comentários da vice-Presidente norte-americana foram "desrespeitosos e não muito simpáticos em relação a Israel", comentando ainda que não percebe como um judeu poderá votar nela.

No seu discurso no Congresso, Natanyahu pediu mais armas aos Estados Unidos para "acelerar o fim da guerra" na Faixa de Gaza e defendeu uma zona desmilitarizada no enclave com uma administração civil do enclave no pós-conflito.

O chefe do Governo israelita agradeceu ao Presidente norte-americano, Joe Biden, pelo seu apoio contra o Hamas e pelo seu envolvimento no esforço de libertação dos reféns em posse do grupo palestiniano desde o seu ataque em 07 de outubro.

Pediu ainda unidade ao aliado norte-americano contra um "eixo de terror" patrocinado pelo Irão, que disse estar a desestabilizar todo o Médio Oriente e que atinge também os Estados Unidos.

Além de Biden, no seu discurso no Congresso, Netanyahu deixou também elogios a Trump.

"Quero agradecer ao Presidente Trump por tudo o que fez por Israel", disse o líder israelita, voltando a lamentar a "desprezível" tentativa de assassínio que teve como alvo o ex-líder republicano da Casa Branca em 13 de julho.

Os protestos prosseguiram no dia seguinte junto da Casa Branca, enquanto Biden recebia Netanyahu, num encontro que, segundo a presidência norte-americana, serviu para pressionar o líder israelita a estabelecer um acordo de cessar-fogo com o Hamas.