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Erdogan acusa Congresso dos EUA de "coroar Hitler da nossa era"

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O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou hoje o Congresso norte-americano de "coroar o Hitler da nossa era", numa referência à visita do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a Washington, onde foi aplaudido por representantes das duas câmaras.

"Em vez de parar o massacre, estamos a assistir a um colapso da razão, quando dão as boas-vindas ao carniceiro no Congresso e aplaudem-no 57 vezes durante o seu discurso delirante", criticou Erdogan durante um discurso no evento HIT-30 High Tech Türkiye sobre tecnologia, realizado hoje em Istambul.

O Presidente turco sustentou que os conceitos de democracia, liberdade e direitos humanos foram ofuscados pelos aplausos dos representantes das duas câmaras norte-americanas a Netanyahu, o que considera um desrespeito pelos "direitos dos oprimidos".

O primeiro-ministro israelita foi convidado a discursar na quarta-feira numa sessão conjunta da Câmara dos Representantes e do Senado dos Estados Unidos.

Vários legisladores faltaram ao discurso e outros compareceram no Capitólio com 't-shirts' a exigir um cessar-fogo na Faixa de Gaza, mas Netanyahu recebeu aplausos constantes durante a sua longa intervenção, sobretudo da ala republicana.

Para Erdogan, estes aplausos mostram que "o atual sistema global, estabelecido para proteger os interesses dos vencedores da Segunda Guerra Mundial, está a começar a chegar ao fim".

Neste sentido, enumerou os conflitos internacionais mais recentes, incluindo as guerras civis na Síria e no Iémen, bem como a invasão russa da Ucrânia, para apontar o colapso da ordem global.

No seu discurso no Congresso, Benjamin Natanyahu pediu mais armas aos Estados Unidos para "acelerar o fim da guerra" na Faixa de Gaza e defendeu uma zona desmilitarizada no enclave com uma administração civil do enclave no pós-conflito.

O chefe do Governo israelita agradeceu ao Presidente norte-americano, Joe Biden, pelo seu apoio contra o Hamas e pelo seu envolvimento no esforço de libertação dos reféns em posse do grupo islamita palestiniano desde o seu ataque no sul de Israel em 07 de outubro, e que deixou quase 1.200 mortos, provocando o atual conflito na Faixa de Gaza.

Pediu ainda unidade ao aliado norte-americano contra um "eixo de terror" patrocinado pelo Irão, que disse estar a desestabilizar todo o Médio Oriente e que atinge também os Estados Unidos.

O discurso de Netanyahu foi também assinalado por fortes protestos de milhares de manifestantes junto do edifício do Capitólio contra a invasão da Faixa de Gaza por Israel em perseguição do Hamas e que já provocou nos últimos nove meses cerca de 40 mil mortos, na maioria civis, segundo as autoridades locais.

Os protestos prosseguiram no dia seguinte junto da Casa Branca, enquanto Biden recebia Netanyahu, num encontro que, segundo a presidência norte-americana, serviu para pressionar o líder israelita a estabelecer um acordo de cessar-fogo com o Hamas, antecedendo outra reunião com a vice-Presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, que assumiu a sua candidatura às eleições presidenciais de 05 de novembro.

Hoje, Netanyahu tem no programa um encontro com o ex-Presidente dos Estados Unidos e candidato republicano na corrida eleitoral, Donald Trump.