Enviado chinês desloca-se à Indonésia, África do Sul e Brasil para discutir guerra
A China anunciou hoje que o seu representante especial para os assuntos euro-asiáticos vai visitar Indonésia, África do Sul e Brasil nos próximos dias para "trocar impressões com membros importantes do 'sul global' sobre a situação" na Ucrânia.
A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Mao Ning disse, em conferência de imprensa, que Li Hui arranca no domingo, com o objetivo de "explorar formas de promover o esfriamento da situação, de modo a gerar condições para o reinício das negociações de paz".
"Já passaram quase dois anos e meio desde o agravamento da 'crise' na Ucrânia e os combates continuam, as perspetivas de conversações de paz permanecem incertas e existe o risco de uma nova escalada e alastramento do conflito", apontou.
Trata-se da quarta deslocação de Li ao exterior para abordar a guerra na Ucrânia.
O diplomata visitou a Ucrânia, Polónia, França, Alemanha e Rússia, em maio passado, para, segundo Pequim, "abordar com todas as partes uma solução política" para a guerra.
Li encontrou-se então com o Presidente ucraniano, Volodymir Zelenski, a quem advertiu que "todas as partes têm de criar condições para acabar com a guerra" e "iniciar conversações de paz".
Em maio passado, Li realizou uma viagem pelo Médio Oriente que o levou à Turquia, Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, onde manteve conversações com altos funcionários para "explorar soluções para o conflito".
O anúncio da viagem do enviado chinês surge pouco depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, e o seu homólogo ucraniano, Dmitry Kuleba, terem reunido, esta semana, na cidade de Cantão, no sudeste da China.
Kuleba foi o mais alto responsável ucraniano a visitar o país asiático desde o início da guerra, em 2022.
Desde o início do conflito, a China tem mantido uma posição ambígua durante a qual tem apelado ao respeito pela "integridade territorial de todos os países", incluindo a Ucrânia, e à atenção às "preocupações legítimas de todos os países", em referência à Rússia.
Pequim também procurou contrariar as críticas de que apoia a Rússia na sua campanha na Ucrânia e apresentou um documento de posição de 12 pontos sobre o conflito, no ano passado, que foi recebido com ceticismo pelo Ocidente.