Curso para que te quero
Acabo de fazer uma entrevista a uma rapariga, cujo nome não referirei porque é comprido e assim gastaria imensos carateres, que me marcou por ser um exemplo do que falhámos, enquanto sociedade, aqui na Madeira.
Sempre falei contra a lógica da monocultura turística, não para manutenção de nenhum pequeno interesse mas por convicção de que é um erro a colocação dos ovos todos no mesmo cesto. Se parte um…
Existe um evidente benefício económico. Nas crises, que são cíclicas - e podem ter a certeza que vem uma a caminho; só não sei é quando - se dependemos de um só sector tudo abana e é extremamente difícil sair delas. Passámos por isto muitas vezes no passado, mas tristemente não aprendemos nada…
Deixamos também de conseguir criar oportunidades para pessoas que se formam em determinadas áreas, porque não temos empregos para elas e mesmo quem, como a pessoa com quem falei, investe em estágios não remunerados para ganhar curriculum, dá por si na contingência de ter de optar por fazer algo completamente diferente, deitando ao mar todo o esforço feito, financeiro e pessoal. E isto dói!
Dizia-me a rapariga que sentia o tempo a passar, queria constituir família, comprar uma casa (sim, eu sei; está iludida…), investir numa carreira, mas que as portas estavam fechadas pelo que, se tivéssemos qualquer coisa para ela fazer, que estava disposta a aprender.
Estas situações não me são indiferentes. Procuro ajudar, tentando contribuir para que haja um caminho, uma esperança, uma oportunidade que por alguma razão não foi antes considerada.
Não consigo entrar em modo explorador, nem mesmo em face da escassez de Recursos Humanos que vivemos. Porque não vai funcionar e, à primeira oportunidade, estas pessoas vão embora à procura de algo que funções abaixo do seu investimento pessoal não conseguem dar-lhes: - felicidade e realização.
Esta rapariga vem de uma área de formação que eu não sabia que tinha problemas de empregabilidade. Cursos desses há de facto muitos e, que eu saiba (e fui ver), não existe nenhuma redução na oferta de lugares disponíveis. O problema vai portanto aumentar!
Aconselhei a rapariga a ir entregar o CV ao Governo. Como li, a propósito do completamente ridículo, injusto, inconstitucional (eu, não jurista, me confesso que aqui estou a esticar-me), disparatado e ofensivo subsídio de insularidade, que vai ser pago aos senhores e senhoras do sector público, que estes se preparam para contratar pessoas para todas as áreas (emoji com cara de absoluto espanto), está aqui a solução para o problema dela, que ainda por cima tem estas benesses, entre muitas outras.
Porque foi a isto que nos reduzimos… Construção civil, Turismo ou Governo; não necessariamente por esta ordem, que o resto é paisagem.