Kiev procura "terreno comum" com Pequim em diálogo sobre fim da guerra
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia disse hoje que está a procurar um "terreno comum" nas conversações com o seu homólogo chinês sobre uma solução para a guerra do seu país com a Rússia.
A invasão russa da Ucrânia, que já vai no terceiro ano, afetou as relações entre os dois países.
Num vídeo divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba aparece na chegada ao local da reunião, na cidade de Cantão, sul da China, e a trocar impressões com o homólogo chinês, Wang Yi.
Trata-se da primeira visita de um ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano desde o início da guerra em 2022.
Surge também após as fortes críticas da NATO à ajuda económica de Pequim a Moscovo. Mas, acima de tudo, ocorre uma semana depois de o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter aberto pela primeira vez a porta a conversações com a Rússia, ao afirmar ser favorável à participação de Moscovo numa futura cimeira de paz.
No mês passado, a China recusou participar na conferência de paz na Suíça por não incluir a Rússia.
Wang Yi afirmou que a China atribui grande importância às relações com a Ucrânia. Salientou o crescimento do comércio entre os dois países e afirmou que as relações bilaterais continuaram a desenvolver-se normalmente, "apesar das situações internacionais e regionais complexas e em constante mudança".
Pequim, que considera a parceria com a Rússia fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, liderada pelos Estados Unidos, nunca condenou a invasão russa e acusa a NATO de negligenciar as preocupações de segurança de Moscovo.
Mas o país asiático também apelou, no ano passado, numa proposta de paz, ao respeito pela integridade territorial de todos os Estados - incluindo a Ucrânia.
A posição de Pequim colocou, no entanto, o país em desacordo não só com a Ucrânia, mas também com os países europeus e os Estados Unidos, que exigem a retirada da Rússia como base para qualquer acordo.
Num vídeo publicado nas redes sociais, Kuleba disse que vai realizar negociações extensas e pormenorizadas para procurar um terreno comum na busca da paz na Ucrânia.
"Precisamos de avançar para uma paz justa e estável", afirmou. "A China pode desempenhar um papel importante neste domínio", vincou.
Citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, o ministro ucraniano disse esperar que a "República Popular da China desempenhe um papel construtivo na superação dos desafios à segurança regional e global", apontando para os riscos para o leste da Ásia suscitados pela parceria militar recentemente estabelecida entre Rússia e Coreia do Norte.
Kuleba chegou à China na terça-feira e a sua partida está prevista para sexta-feira.
A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse na terça-feira que a China vai "apoiar a comunidade internacional na obtenção de um maior consenso e na procura conjunta de formas práticas de resolver politicamente a crise".