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Milhões de venezuelanos no estrangeiro não poderão votar por obstáculos governamentais

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Milhões de venezuelanos que vivem fora do país não vão poder votar devido aos obstáculos governamentais para o recenseamento eleitoral no estrangeiro, noticiou hoje a agência Efe.

A Venezuela tem atualmente uma população de aproximadamente 29,4 milhões de pessoas, das quais 21,4 milhões poderão teoricamente votar nas eleições presidenciais de 28 de julho, tanto dentro como fora do país.

Mas apenas 69.211 venezuelanos no estrangeiro estão habilitados a votar - menos do que nas eleições venezuelanas anteriores, que foram 110 mil -, o que representa uma pequena fração dos cerca de oito milhões de venezuelanos que, segundo dados da ONU, emigraram, número que o Executivo de Nicolás Maduro reduz para dois milhões.

Dos oito milhões de venezuelanos que vivem fora do seu país, cerca de cinco milhões são maiores de idade e deveriam poder votar nas eleições, mas apenas 69 mil estão autorizados a fazê-lo, denunciou hoje à Efe Estefania Parra Anselmi, coordenadora internacional da Voluntad Popular e membro do grupo que reúne os opositores que residem em Espanha.

Quase três milhões de venezuelanos vivem atualmente na Colômbia, sendo o país que mais cidadãos desta nacionalidade acolheu, segundo a Plataforma de Coordenação Interinstitucional para Refugiados e Migrantes da Venezuela da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Uma boa parte desta população espera que as eleições de 28 de julho gerem mudanças no seu país, embora muitos não possam votar devido às dificuldades de registo e ao elevado custo de obtenção de documentos como o passaporte válido, que permite votar no estrangeiro.

Espanha é o país europeu que mais migrantes venezuelanos acolhe, incluindo muitos líderes da oposição que abandonaram a Venezuela nos últimos anos.

Entre eles estão Dinorah Figuera, Antonio Ledezma, Diego Arria e Leopoldo López, que integram o comando de campanha espanhol de María Corina Machado. Estes opositores trabalharam a favor da candidatura de Edmundo González Urrutia e estão confiantes em derrotar Maduro nas urnas.

No entanto, temem que Nicolás Maduro não aceite os resultados nem os manipule, pois consideram o seu regime como um regime que recorre à batota e à fraude e apelaram aos governos europeus para que tomassem medidas para prevenir a fraude.

Os venezuelanos no Brasil vão enfrentar dificuldades para votar, uma vez que só conseguiram inscrever-se na Embaixada em Brasília e no Consulado Geral em São Paulo, os únicos locais onde poderão votar no dia 28 de julho.

Dos sete consulados que a Venezuela tinha no Brasil, cinco foram encerrados entre 2019 e 2022 durante o governo de Jair Bolsonaro, e não reabriram após a normalização das relações.

Cerca de 125 mil venezuelanos vivem no Brasil no âmbito da Operação Recepção, e estima-se que nos últimos seis anos tenham entrado outros 400 mil, embora muitos tenham continuado para outros países. Não há números claros sobre quantos venezuelanos permanecem no Brasil em condições de votar.

Cerca de 1,5 milhões de venezuelanos residem no Peru, dos quais cerca de 900 mil estão em idade de votar. No entanto, segundo dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), apenas 589 estavam habilitados a votar até 2024. A maioria não conseguiu recensear-se devido aos obstáculos impostos pelas autoridades, que exigem residência permanente, passaporte válido e documento de identificação.

Na Argentina, vão votar 2.638 venezuelanos, um número reduzido se comparado com os quase 250 mil venezuelanos residentes no país, enquanto em Itália é difícil estabelecer o número de residentes venezuelanos porque a maioria tem dupla nacionalidade.

Segundo a Embaixada da Venezuela em Itália, existem 13.548 venezuelanos no país, mas os números da oposição estimam entre 300 mil e 350 mil italo-venezuelanos. As exigências impostas pelos consulados dificultaram o voto de muitos.