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Economia e bem-estar social

Somos a Região com a maior taxa de pobreza do país; no entanto, o Funchal é uma das cidades com maior poder de compra do país

A uma economia forte e dinâmica deveria corresponder um bem estar social e económico de todos os cidadãos e não beneficiar apenas um grupo privilegiado de indivíduos e empresas.

Do ponto de vista de uma leiga que deseja uma sociedade mais justa e equitativa parece-me ser um contrassenso, que pouco interesse suscita à opinião pública, as desigualdades salariais e a discrepância entre vencimentos ou que tanta notícia e pensamento sobre Economia se produza, sem que o bem estar dos trabalhadores venha à liça.

Na narrativa do Governo Regional da Madeira, a nossa economia tem saúde para dar e vender. A nossa economia, sustentada sobretudo pelo desempenho positivo do turismo e do setor do imobiliário, cresce há 30 meses mas, curiosamente, a taxa de pobreza não diminui, antes, agrava-se.

Vamos lá ver, qual o impacto real que a atratividade turística da nossa região tem no bem estar do cidadão comum? Podemos considerar que todos ganham, pois é dinheiro que fica na Região e que terá reflexos no investimento e na criação de emprego. Pois, é verdade que tem um lado muito positivo inegável.

Mas há o reverso da medalha: a Madeira quando passa a ser apetecível para cidadãos provenientes de economias mais fortes, deixa de ser acessível para os seus habitantes. A concorrência passou a ser internacional. Ou seja, tornou os preços da habitação proibitivos, gerou mais pressão na natureza, aumentou a produção de lixo e utilização de recursos naturais, criou mais constrangimentos no tráfego automóvel. Em suma, reduz a qualidade de vida dos residentes

Somos a Região com a maior taxa de pobreza do país; no entanto, o Funchal é uma das cidades com maior poder de compra do país, o que revela a enorme desigualdade económica e social. Temos os salários médios mais baixos, mas os preços da habitação são dos mais elevados a nível nacional. A Região tem um PIB elevado, mas um poder de compra per capita baixo.

Comparativamente àqueles que retiram benefício direto dos setores mencionados, a percentagem de madeirenses que usufrui da riqueza gerada pelo crescimento económico é baixa e, por isso, a Madeira precisa de políticas que contrariem este estado de coisas e permita uma melhor redistribuição da riqueza produzida, aplicando complementos regionais, estimulando a criação de emprego bem remunerado e o aumento de salários e utilizando os benefícios fiscais previstos.

Acima de tudo, a Madeira precisa ser governada para todos em Liberdade, Igualdade e Justiça.