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Combatentes e guerrilheiros à mesa da Paz

Foi bonito pá. Sim juntou-se num restaurante em Almada um grupo de ex-combatentes da guerra colonial, uns do Niassa, outros de Cabo Delgado e um ex-guerrilheiro da Frelimo realizador de cinema. Presentes algumas companheiras dos nossos militares.

Contamos histórias da guerra, do sangue derramado, dos camaradas mortos e ou feridos de ambos os lados do conflito. Opinamos sobre o processo de descolonização. Tantas ideias diferentes quantas as cabeças pensantes aqui presentes, e a data em que participaram na guerra.

Mas estávamos felizes a nossa guerra terminou, para nós e nossos filhos…

Conheci o guerrilheiro nas matas de Cabo Delgado antes do acordo de Lusaca em 7 de Setembro de 1974.

O meu amigo Abdul, natural de Moçambique e pertencente às N.T, na força aérea, saiu do helicóptero e, debaixo de fogo a 8 e 9 de Agosto 74, correu em socorro dos nossos feridos na emboscada que nunca mais parava e também levou um morto cuja cabeça foi esmagada pela Berliet.

O Guerrilheiro Camilo afirmou, que quando entrou em Nangololo o quartel estava todo arrumado, camas feitas e comida na cozinha, pensava a Frelimo que aquilo estava armadilhado, foi uma excelente e exemplar surpresa isto no dia 5 de Agosto de 74.

O Duílio general do Picadas de Cabo Delgado, no dia 4 de Agosto saiu a corta mato para Chai foi uma manobra estratégica deste militar. Agora frente a frente estavam os inimigos a comer bem e beber melhor, ficou o abraço fraterno, que é para continuar.

Os povos querem sempre a Paz e o desenvolvimento. Os governos as guerras e o rearmamento para satisfazer os grandes comerciantes das armas e derramar o sangue e estrangular os povos.

Lembrei-me tanto do Livro do meu conterrâneo Lídio Araújo «Os Bravos da Picada», no Zobué em Tete em 6 de Julho de 74 a PIDE assassinou um civil negro depois de o torturar, e deixou o corpo que considerou lixo nas matas.

Foi bonito saber que a companheira do camarada Mouro tinha nascido no Hospital de Marrere em Nampula onde eu entre 2001 e 2005 com uma excelente equipa ajudamos a reabilitar a unidade de saúde.

O abraço do Almirante do Niassa e do general de Nangololo foi impressionante!

Foi bom conhecer o Nascimento que esteve em SAGAL em 67/68 e a minha companhia foi a última a lá estar até 7 Agosto 74.

O grande conhecedor de Palma e arredores, Ilídio Costa do Barreiro é um poço de informação.

Esteve presente o comando King cuja conversa futura promete e outros companheiros que não citei foi porque não tive oportunidade de conversar detalhadamente.

Foi bonito saber que MUEDA foi entregue à Frelimo tudo direitinho incluindo alimentação no dia 14 Outubro de 1974 e quanto emotivo foi arrear a Bandeira Portuguesa guardá-la religiosamente e chorar muito pelos que lá ficaram vivos ou mortos…

Fomos combatentes na guerra e militantes na Paz. Somos plurais no pensamento. Sabemos que a democracia é aquele abraço, todos somos poucos para defender a paz e combater a corrida ao rearmamento.