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ONU denuncia que uma criança palestiniana é morta a cada dois dias na Palestina

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Foto EPA

A ONU denunciou hoje que uma criança palestiniana é morta em média a cada dois dias na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental desde o início da guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) declarou que 143 crianças palestinianas morreram desde 07 de outubro na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, um número que representa um aumento de quase 250% em relação aos nove meses anteriores, nos quais 41 menores palestinianos foram assassinados. Duas crianças israelitas também morreram desde outubro.

Segundo o UNICEF, mais de 440 crianças palestinianas foram feridas com munições desde 07 de outubro nas operações das forças de segurança israelitas e ataques de colonos, causando "grande alarme" devido ao uso desnecessário e excessivo da força contra os mais vulneráveis.

O UNICEF indicou que as vítimas foram registadas em dez das onze províncias da Cisjordânia, com mais de metade das mortes em Jenin, Tulkarm e Nablus, os principais epicentros das operações das forças israelitas, que incluem bombardeamentos com 'drones'.

A organização sublinhou também que esse aumento das tensões também afeta o bem-estar físico e mental de milhares de raparigas, rapazes e das famílias, já que agora temem diariamente pelas suas vidas. Assim, notou que as raparigas e os rapazes dizem ter medo de andar pelos seus bairros ou de ir à escola devido a esse aumento da violência.

No entanto, o UNICEF lembrou também que os menores palestinianos já estavam expostos antes de 07 de outubro aos mais elevados níveis de violência dos últimos 20 anos, razão pela qual pediu às partes que cumpram as suas obrigações de proteção das crianças, no quadro do direito internacional humanitário.

A organização não-governamental (ONG) Save the Children declarou que se registou um aumento da fome, das doenças e dos abusos, incluindo a violência sexual, sofridos por rapazes e raparigas palestinianos detidos pelo exército israelita desde o início do conflito.

A ONG garantiu que os menores palestinianos detidos em prisões geridas por Israel relataram que as condições se deterioraram significativamente desde 07 de outubro e lembrou que Israel é o único país do mundo que processa sistematicamente crianças em tribunais militares.

Neste sentido, sublinhou que a decisão da semana passada do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), que questionou as políticas e práticas israelitas relacionadas com as detenções, reforça a necessidade de colocar um fim às detenções arbitrárias e aos maus tratos às crianças palestinianas.

A Save the Children especificou que, desde outubro, os parceiros da ONG apoiaram cerca de 50 menores anteriormente detidos pelas forças israelitas em Gaza que relataram abusos físicos e interrogatórios nos quais, segundo alguns, foram convidados a despir-se e a ficarem expostos a temperaturas extremas.

A ONG informou que durante o período de detenção os seus familiares não tinham informações sobre o seu paradeiro e acrescentou que mostraram sinais claros de violência e maus-tratos quando foram libertados, com queixas de agressão sexual, assédio e violência física contra eles.

Nesse contexto, a Comissão Palestiniana para os Assuntos de Detidos e Antigos Detidos indicou que mais de 650 rapazes e raparigas da Cisjordânia foram detidos desde outubro, a maioria desses por atirarem pedras, enquanto o número é desconhecido no caso de Gaza, onde a ofensiva militar lançada por Israel após os ataques de 07 de outubro continua ativa.

O diretor da Save the Children para o Médio Oriente, Jeremy Stoner, reiterou que a ONG "nunca tinha visto tanta devastação e desespero", apesar de ter trabalhado no terreno durante anos e de ter conversado "com centenas de rapazes e raparigas" detidos pelas forças de segurança de Israel no passado.