“Ciclista atropela mulher com gravidade na Pontinha”

O título desta notícia pode ter surpreendido muitas pessoas, infelizmente não foi o meu caso. O que surpreende é tal ocorrência grave só ter acontecido agora, aqui é que está o milagre.

A senhora foi vítima de uns facínoras montados em bicicletas que por tal facto se sentem empossados de imunidade absoluta. O pior é que os factos demonstram isso, nem a autoridade portuária age, nem a autoridade marítima tem a ver com o assunto nem a PSP consegue ver tal abuso.

A quem recorrer?

Quantos mais vão ser “alvo” destas condutas abusivas e pouco urbanas, aqui no sentido de urbanidade, para que seja suspensa esta atividades neste local e nestes moldes? Quantos mais…?

Eu sou dos que desfrutava da Pontinha e da Avenida do Mar para os passeios de fim de dia, ou corridas de manutenção e de terapia psicológica, num local único na cidade para este tipo de atividade de lazer. Contudo tive de deixar de usufruir deste possibilidade na justa medida que esta infraestrutura, de todos nós, se transformou “de assalto” numa pista de ciclismo.

Ali, nas barbas de todos, quase todos os dias, podemos assistir a treinos de ciclismo com cada vez mais atletas, com apoio de treinadores e assistência de clubes. Como é isto possível atendendo aos riscos envolvidos para todos?

Há poucos meses tentei atravessar a passadeira situada próximo do Sete Mares, quando coloquei o primeiro pé na passadeira ouvi um “berro”. Era o ciclista “cabeça de pelotão” que tentou avisar-me que eles iam passar…e eu que tinha “de parar”, eles nem abrandaram…. Talvez ao abrigo de algum direito especial, será?

É ver como passam em velocidades elevadas pela rotunda junto à Gruta, como aceleram rente ao passeio dentro do porto, como passam em frente às Vespas conversando entre eles e com pouca atenção aos restantes utilizadores da via.

Quando na minha última “carta do leitor” falava de veredas e montanha, onde há uma crescente e manifesta falta de civismo, falava afinal do mesmo problema que se manifesta também no meio urbano. A gravidade é que aqui, na cidade, existem regras de trânsito para todos, incluindo ciclistas, polícia, autoridade portuária, autoridade marítima, e muita gente também…e afinal…nada se respeita.

A senhora atropelada foi alvo deste desrespeito geral, falta de civismo e abuso continuo dos praticantes desta modalidade e também autoridades que teimam em não atuar face a este desrespeito das regras.

No mínimo cumpram como código de estrada e dêem prioridade aos peões, é este o espírito do código e é essa a salvaguarda que nunca pode ser esquecida.

Será que esta atividade de treino está autorizada pelos portos?

Será que estes senhores têm uma isenção oficial da aplicação do código de estrada para a via pública?

Será que o ciclismo quer “assaltar” este espaço e criar numa pista de treino competitivo (federativo)?

Será que o tradicional passeio na “Pontinha”, que é cada vez mais limitado, vai ser de facto uma atividade de risco elevado? (Tradicional pois quase desde a sua inauguração o madeirense usufrui deste espaço para lazer e passeio).

Bom, volto a não ter solução imediata para isto, mas uma coisa é certa, ciclismo federativo ou amador aqui deve ser devidamente autorizado e mesmo autorizado tem de respeitar o código, o peão e a cidade.

Esta falta de civismo dos praticantes desta modalidade é gritante na Pontinha.

Sou um feroz adepto da prática desportiva, gosto de futebol, e como não há campos disponíveis na cidade, pois a procura excede a oferta, vou passar a ir jogar com os amigos no adro da Sé, onze contra onze…

Prometo tudo fazer para evitar a missa das onze no domingo.

Será que alguém se vai incomodar…, tudo faremos para não proferir palavrões.

Um ciclista de fim de semana nas serras da Madeira.

Eduardo Afonso Baptista