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Sudão e União Europeia negoceiam acordo para travar rotas para Europa

Foto Angel Medina G./EPA  
Foto Angel Medina G./EPA  

O Sudão e a União Europeia estão a negociar a assinatura de um acordo para combater migrações irregulares para a Europa através de ações nos países africanos de origem e de trânsito, afirmou hoje o Governo sudanês.

Numa conferência de imprensa em Porto Sudão, o ministro do Interior sudanês, Jalil Pasha Sairin, revelou que o Sudão e a União Europeia (UE) estão envolvidos num processo para desenvolver "uma nova visão" sobre os movimentos migratórios e "assinar um acordo para combater a imigração ilegal".

O ministro sudanês fez este anúncio dias depois de ter participado no Fórum Mediterrânico das Migrações, que se realizou na Líbia, entre 17 a 18 de julho, onde os cerca de trinta países e organizações participantes nomearam um grupo de trabalho especializado e encarregado de determinar as necessidades de mão-de-obra de cada país e de prevenir a sua emigração.

Sairin explicou que o objetivo do fórum é alargar o acordo quadripartido entre Malta, Itália, Tunísia e Líbia, para incluir países africanos de trânsito e de origem de migrantes irregulares.

O Sudão é considerado um país de trânsito para os migrantes proveniente dos países da África Ocidental, uma vez que os traficantes de seres humanos exploram as suas rotas para a Líbia, de onde milhares de pessoas migram para Itália e Malta para chegarem a outros países europeus, enquanto algumas vão para Marrocos e daí para a Espanha.

O exército sudanês e os movimentos armados aliados controlam o triângulo fronteiriço que liga o norte do Sudão à Líbia, enquanto o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) controla a cidade de Melit, situada no Darfur do Norte e que faz fronteira com a Líbia.

O ministro sudanês referiu ainda que a UE suspendeu o apoio material prestado às FAR para reduzir as migrações irregulares antes do início da guerra e depois de ter recebido numerosas críticas de organizações humanitárias pelo seu historial de violações dos Direitos Humanos.

Sairin revelou também que as autoridades líbias se comprometeram em facilitar o processo de concessão de vistos aos sudaneses, o que reduz a migração irregular de milhares de pessoas que fogem do conflito que eclodiu em meados de abril de 2023 entre o exército regular e os paramilitares.

O ministro revelou ainda a proposta das autoridades líbias de deportar para os seus países cerca de 13.000 mercenários que se encontram no leste da Líbia, alguns dos quais alegadamente envolvidos no conflito em curso no Sudão.

Até agora, a UE não se pronunciou sobre esta questão.

Em novembro de 2014, a UE lançou o "Processo de Cartum" em parceria com dez países africanos, incluindo o Sudão, para combater as causas e as consequências da migração irregular e criou um gabinete em Cartum para este efeito.

Desde 2014, Cartum tem recebido apoio financeiro e logístico de países e organizações europeias para reduzir a migração irregular e o tráfico de seres humanos, uma vez que o Sudão é considerado um ponto de passagem para os migrantes do Corno de África para a Europa, através da Líbia e do Egito.