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Em terra de cegos, quem tem olho é rei

Hoje é dia de “Chão da Lagoa”. Uma festa que nada tem a ver com festas passadas. Depois que a Festa passou do Chão da Lagoa para a Herdade do PSD perdeu-se um pouco da sua tradição. O dia do Chão da Lagoa era um dia de convívio entre famílias que se espalhavam pela serra nos seus piqueniques. Com a passagem para a Herdade, a Festa passou a ser um centro de encontro de amigos. Mas hoje, já nem isso é.

A atual Festa na Herdade transformou-se num local para se ser visto e ficar como caranguejo à conta de uma insolação. Sejamos honestos. Quem quer ser visto com a cúpula do partido? Quem “pisga” cargos ou tem interesses políticos ou económicos? Os “peixes grandes” não precisam de lá ir.

Confesso que quando soube que Montenegro ficou doente, pensei: “Será que está com a Covid?”. Mas depois pensei “querem ver que preferiu dizer que estava doente e suspender a sua agenda por 3 dias para não ser visto com Albuquerque?”. Se estiver mesmo doente, desejamos-lhe as melhoras, mas a verdade é que Montenegro é Primeiro-Ministro e haveria que saber um pouco mais sobre o que lhe aconteceu. Doença não é vergonha. Se foi por outras razões “inconvenientes” até tem a sua piada. Sinal que já percebeu o que está a acontecer por aqui?

É por demais evidente a estratégia do PSD-Madeira em conduzir a política regional para eleições antecipadas em janeiro de 2025. Até ao final do ano, o objetivo é criar desconfiança na oposição para que percam votos e assim se tente a maioria absoluta tão desejada pelo PSD-Madeira.

Após as eleições regionais e com as posições assumidas pelos diversos partidos da oposição, é já possível tirar algumas ilações.

Há uns que fingem estar contra o estado atual das coisas, mas apenas fingem. Porque o que verdadeiramente desejam é estar associados ao partido do poder. Até quase podemos ver a “baba” a cair-lhes da boca pelo simples facto de estarem à “mesa de negociações”. A vaidade por terem “tempo de antena” nos meios de comunicação social mostrou a essência de cada um deles.

Terá tudo sido feito em prol da população em geral, ou a negociação esteve mais centrada em “particularidades”?

É interessante que alguns deputados julgam que só porque vestem um fato e gravata e procuram trabalhar a sua aparência física, julgam que isso já lhes dá o estatuto de político importante. Não é preciso ser doutor para ser-se um bom político, mas como diz o povo “é preciso saber dizer três vezes batata”.

Infelizmente as apostas feitas por algumas pessoas com o seu voto nalguns partidos pequenos não surtiu o efeito que desejavam. E alguns que entraram no Parlamento Regional brincam com o voto recebido. Vimos poucos partidos a serem fiéis aos seus princípios e responsáveis com o seu papel de oposição.

A verdade é como o azeite. Vem sempre ao de cima. O teatro encenado nas negociatas traiu a maior parte dos partidos que se sentaram à mesa das negociações. Não por “negociarem”, mas pelas declarações proferidas e pela votação exercida. O que não perceberam na hora das negociações é que também eles estavam a ser avaliados. Para alguns, vai ditar a sobrevivência política. Ou muito me engano, ou alguns estão na iminência de implodir. Nada como ser genuíno. Mais cedo ou mais tarde, a falsidade é sempre descoberta.

É também curioso a oposição que se faz. Afinal, o que significa ser oposição? É criticar os outros partidos de oposição? Para mim, oposição faz-se a quem governa.

É justamente pelo que se está a passar na nossa Região que nalguns países apenas existem 2 partidos e quando não se está satisfeito é fácil escolher em quem votar - ou é num, ou é noutro. Quanto mais partidos houver, mais difícil é conseguir um governo maioritário. Para se conseguir fazer a diferença é preciso que quem está na oposição seja inteligente e resiliente.

Mas não pense o leitor que tudo foi em vão. A votação alcançada provou que o partido da maioria e dos que lhe acompanham está em queda e a distribuição de votos por vários partidos mais pequenos não consegue fazer a diferença. A tentação para acordos é grande. Para quem quer diferente, há que experimentar outras soluções.

Até janeiro de 2025, vamos acompanhar o que cada partido faz para quando chegar à hora do voto sabermos em quem votar. E com toda a certeza saberemos decidir.