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Mais de 1,2 milhão de pessoas necessitam de apoio humanitário em Moçambique

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Foto Lusa

Mais de 1,2 milhão de pessoas necessitam de assistência humanitária no norte de Moçambique devido à insegurança e violência provocada pelos ataques terroristas, segundo dados das Nações Unidas, divulgados hoje.

Um relatório do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA, na sigla em inglês), com dados de até maio de último, identifica como províncias mais afetadas pelos impactos do "conflito armado" e insegurança na região", que tem provocado a fuga das populações, após repetidos ataques, as de Cabo Delgado, Nampula e Niassa.

O relatório sinaliza 1,7 milhão de pessoas em Moçambique a necessitar de apoio humanitário de todo o tipo, incluindo 1,24 milhão vítimas do conflito armado no norte, sobretudo Cabo Delgado, e 429.623 por todo o país, neste caso para mitigar os riscos e impactos dos desastres naturais.

O OCHA referiu, anteriormente, que apoiou mais de dois milhões de pessoas em 2023, que necessitavam de assistência humanitária no norte de Moçambique devido ao conflito armado.

No final de maio, acrescenta o documento, 937.965 pessoas tinham recebido apoio humanitário, 94% dos quais pessoas deslocadas dos ataques terroristas.

O relatório da OCHA aponta que trabalham no terreno, neste apoio humanitários, 76 organizações não-governamentais, incluindo sete agências das Nações Unidas.

Acrescenta que no final de maio 1,2 milhão de pessoas precisavam de abrigo em Moçambique, 562 mil de apoio à nutrição e 950 mil de acesso a cuidados de saúde.

O plano de resposta humanitário para este ano em Moçambique tinha recebido 73,7 milhões de dólares (67,6 milhões de euros) até 31 de maio, dos 413 milhões de dólares (379,2 milhões de euros) necessários, ainda segundo a OCHA.

Cabo Delgado enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reivindicados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.

A população de outros distritos da província tem relatado a movimentação destes grupos de insurgentes, que provocam o pânico à sua passagem, nas matas, mas sem registo de confrontos, o que acontece numa altura em que os camponeses tentam realizar trabalhos de colheita nos campos de cultivo.

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, afirmou em 16 de junho que a ação das várias forças de defesa permitiu acabar com "praticamente todas" as bases dos grupos terroristas que operam em Cabo Delgado, que se limitam agora a "andar no mato".

"O resultado dessa conjugação de forças é surpreendente. Conseguiram desativar os terroristas de todas as vilas e aldeias que haviam sido ocupadas, destruíram praticamente todas as bases fixas do inimigo, tornando nómadas, e colocaram fora de combate muitos extremistas violentos, incluindo alguns dos seus principais dirigentes", disse Nyusi, em Mueda, província de Cabo Delgado.

O chefe de Estado reconheceu o esforço das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, em conjunto com os militares do Ruanda, da missão dos países da África austral -- que se retirou totalmente em 04 de julho último - e da Força Local, constituída por antigos combatentes da luta de libertação nacional, no combate a estes grupos nos últimos seis anos.

"Andam aí no mato, mas já não ficam num sítio porque têm medo de ser encontrados", acrescentou o Presidente, sobre a ação destes grupos insurgentes em alguns distritos de Cabo Delgado, renovando o apelo à população "para continuar a reforçar a vigilância".