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Turquia e Chipre sem acordo sobre novas negociações sobre reunificação da ilha

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Foto Shutterstock

Os presidentes turco e cipriota assumiram hoje posições diferentes sobre o regresso às negociações internacionais para a reunificação da ilha de Chipre.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, rejeitou hoje a realização de novas negociações: "Acreditamos que uma solução federal não é possível em Chipre. Não há benefício para ninguém em prosseguir negociações como as que foram abandonadas na Suíça" em 2017.

Falando na parte norte da ilha, controlada pela Turquia, no 50.º aniversário da invasão, Erdogan admite aceitar que "a parte cipriota turca se deve sentar com a parte cipriota grega em pé de igualdade" e só nesse formado está "pronto a negociar e a alcançar uma paz duradoura e uma solução".

A ONU e Chipre têm insistido que as negociações devem ser entre Chipre e a Turquia, recusando legitimidade a qualquer autodeterminação da ilha.

"Até hoje, foram os cipriotas turcos e a Turquia que fizeram sacrifícios e correram riscos" e que 'expressaram sinceramente o seu desejo de encontrar uma solução', afirmou.

Por seu turno, o Presidente de Chipre, Nikos Christodoulides, afirmou hoje que "não existe outra opção" para os cipriotas que não seja a reunificação do seu país, dividido desde que as tropas turcas invadiram a parte norte há 50 anos.

Não existe "outra opção" que não seja a reunificação, garantiu Christodoulides à imprensa, depois de participar nas comemorações em Nicósia, a última capital dividida do mundo.

A ilha de Chipre está dividida desde que a Turquia invadiu a sua parte norte, em 20 de julho de 1974, em resposta a um golpe de Estado dos nacionalistas cipriotas gregos que pretendiam anexar o país à Grécia.

Apesar de ser o único Estado reconhecido internacionalmente, a República de Chipre só exerce autoridade sobre a parte sul da ilha, que está separada por uma zona-tampão controlada pela ONU da autoproclamada República Turca do Norte de Chipre (RTNC), reconhecida apenas por Ancara.

"Independentemente do que Erdogan e os seus representantes façam ou digam nas zonas ocupadas, a Turquia, 50 anos depois, continua a ser responsável pela violação dos direitos humanos de todo o povo cipriota e pela violação do direito internacional", disse Christodoulides.

"Pela nossa parte, sabemos muito bem o que queremos, sabemos como o conseguir", afirmou, assegurando que pretende "fazer tudo o que for possível para libertar e reunificar"a ilha.

As últimas negociações inter-cipriotas organizadas sob a égide das Nações Unidas para pôr fim à divisão da ilha mediterrânica desde 1974, na estância suíça de Crans-Montana, fracassaram em 2017.