A política não se faz com discursos, festas populares e canções

No dia em que se comemora o Dia da Região Autónoma da Madeira seria, talvez, pertinente que a politiquice de plástico se coibisse de debitar gargarejos de retórica, prometendo medidas que nunca se cumprem, prova demais evidente que, nos dias que correm, palavra dada não é palavra honrada.

Um debate sério sobre o estado da Região, que atravessa uma grave crise política, era um excelente ponto de partida para lançar pontes de futuro na Saúde, na Educação, no Ordenamento do Território, na Segurança, no Combate à pobreza, etc. etc.

Infelizmente, parece que os nossos governantes preocupam-se mais em garantir os privilégios dos grandes grupos económicos, do que com o bem-estar do povo. A política continua a escorrer para o charco da retórica de palavras ocas, desligadas da realidade. Não se apaga incêndios com um borrifador, nem se tratam feridas profundas com pensos rápidos. Os que têm a coragem de identificar e denunciar casos e situações passíveis de presumível corrupção são, regra geral, perseguidos sabendo nós que na lei vigente está consagrada a protecção dos denunciantes de tais irregularidades e que não podem, sob nenhum pretexto, sofrer represálias.

Perde-se um tempo precioso em diagnósticos inconclusivos, críticas mordazes, lamentos e ataques pessoais mas, nós, os eleitores exigimos respostas que não se resolvem com discussões acaloradas, inúteis, com propostas e promessas irrealistas. A nossa esperança num debate profícuo, precursor de “fumo branco” é praticamente zero. Andamos há demasiado tempo com as mãos cheias de nada. Os jogos de poder e a manipulação alastram da “catedral” às ermidas roçam o absurdo. Vivemos um tempo em que o interesse pessoal e do partido se sobrepõe ao interesse regional ou local. Atitudes de alguns governantes, quais chicos-espertos, instalam-se na esfera do poder vendo nele uma coutada sua, não se poupando sequer ao uso de linguagem pouco ortodoxa e, nalguns casos, até incitando a uma aversão exacerbada contra quem não comunga nem aprova as respectivas atitudes. Conheço alguns, poucos, que trabalham tanto como a cigarra e cujo nariz aponta para o céu. Invariavelmente, cumprimentam com chapéu alheio e, quando toca a louros, apressam-se a ostentá-los, sabendo que não lhes pertencem por mérito próprio.

Mas, como diria alguém, com defunto ruim não se gasta cera.

Madalena Castro