“Turistas em percurso não recomendado alvo de críticas”

“Turistas em percurso não recomendado alvo de críticas.”

Uma notícia do dia 11 de julho de 2024 no DN chamou-me a atenção atendendo a três fatores. O primeiro desses fatores foi o tema, sobre os percursos e o turismo. O segundo fator são algumas das soluções que vão surgindo. O terceiro e último dos fatores foi a origem do comentário e a forma como o mesmo surgiu, o deputado Nuno Morna, por coincidência um liberal.

Este tema não “caiu do céu”, ele surge numa sequência de notícias que têm vindo a público levantando problemas relacionados com a pressão que tem ocorrido em alguns locais da nossa ilha. Esta pressão fomenta o aparecimento de ideias peregrinas, isoladas e descabidas de tantos “twitteros” e transcritas nos jornais em forma “twitter”.

Há mais pessoas na montanha…, há mais turistas na cidade…, há mais gente a circular pela Madeira…, há mais pessoas no mundo?

Sim é verdade.

Qual a solução?

Proibir? Fechar? Vedar? Restringir ao acaso o acesso?

Não sei qual a solução que melhor se ajustará a situação atual, e tão pouco à questão regional, mas uma coisa a experiência ensinou-me, soluções apressadas, avulsas e desintegradas de um contexto mais vasto e de longo prazo, não resultam.

As soluções que surgem parecem ser resultado de um leilão de ideias, e isto a todos os níveis. Já li há uns meses que não se cobrava nada era essa a tendência. Pouco depois que ia ser cobrado. Nos dias seguintes li que ia ser cobrado e que o valor seria à volta dos dois euros. Meses depois a coisa afinal estava a ser preparada por uma comissão de especialistas….

Para um liberal querer mais lei, mais regulamentação, mais controlo estatal, mais vigilantes, mais polícia é de fato inovador.

Portanto fala na base do “diz que disse”, mau método para abordar coisas sérias e complexas.

Pretendem que os turistas que nos visitam não possam optar por andar livremente pelo nosso território? Nadar livremente no oceano que nos envolve?

Que só podem ir pelas veredas classificadas? Apenas pelas mãos dos guias? Banhos limitados às praias vigiadas e pagas? Nadar de mãozinha dada com o nadador-salvador?

Tudo isto parte de uma ideia errada, de que todos os que visitam a Ilha não sabem nada da “arte”. Nem todos, mas alguns são praticantes regulares de montanhismo.

É bom recordar que a Madeira é visitada por muitos praticantes com experiência de montanha, ao mais alto nível do que existe no mundo. Vêm famosíssimos, famosos, conhecidos e desconhecidos que dominam a “arte” das manobras de corda e das montanhas.

Os guias que emanam todos esses “Twitter” estão aquém do saber técnico destes “turistas”. Então como será, quem leva quem em percursos mais técnicos?

Ou os percursos mais técnicos vão ser proibidos pelos liberais?

Mas é também importante dizer que o percurso a que se refere o artigo do dia 11 do DN é parte de um velho acesso ao Pico do Cidrão, acesso esse que foi parcialmente destruído pela nova vereda. Segundo sei, e salvo melhor opinião, esta rota era feita a pé sem qualquer tipo especial de segurança. Um percurso de pé posto.

Esta passagem passou a fazer parte dos programas de empresas de animação turística na vertente “escalada”, quanto a mim erradamente se tivermos por base a história e a tradição.

Deduzo que os envolvidos neste artigo, o guia referido na notícia, o deputado e a jornalista responsável pela publicação desconheciam esta realidade.

Um “palpite” final.

E que tal reduzir a promoção externa à Região? Direcionar a promoção noutro sentido? Tirar o foco da natureza? Voltar a incentivar um turismo de terceira idade e de inativos? Se são muitos…

Que tal um slogan nesta linha:

“Vá à Madeira e viva a natureza…, mas fique no hotel.”

“Vai à Madeira? Então contrate um nadador-salvador se pretende ir a banhos. Um guia de montanha deve ser contratado se pretende ir ao Areeiro. Não esqueça de reservar um guia oficial se pretende ir ao mercado, … a um museu ou andar pela cidade.”

Antevejo um futuro onde quem quiser fazer canyoning, mesmo que seja um expert, tem no mínimo que recorrer a um taxista “oficial”, um guia de montanha “oficial” para a aproximação, e ainda contratar de um guia de canyoning “oficial” e de um nadador-salvador “oficial” para o percurso de ribeira. E não esquecer de marcar reencontro com o guia de montanha e o taxista para regressar ao hotel.

Esta é a nova onda Liberal, … liberalismo à Nuno Morna.

Um amante da natureza Liberal

Eduardo Afonso Baptista