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Madeira

Élvio Passos e João Lizardo vencem prémio Emanuel Rodrigues

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Foto Miguel Espada/ASPRESS

O jornalista do DIÁRIO Élvio Passos e o advogado João Lizardo venceram o prémio Emanuel Rodrigues atribuído pela Assembleia Legislativa da Madeira (ALM).

A obra ‘Presos Políticos do Estado Novo na Madeira’ ditou esta distinção. Editada pelo DIÁRIO e escrita por ambos, foi lançada no passado mês de Abril.

O livro, que dá a conhecer um estudo inédito que deita por terra teorias de proteccionismo insular por parte da polícia política, tem na sua génese um trabalho jornalístico publicado nas páginas deste matutino.

O júri, constituído por Manuel Veloso de Brito, Maria Madalena Caetano Sacramento Nunes e Carlos Alberto Rodrigues, destacou que a sua escolha foi unânime e que esta obra, resultado de “pesquisa laboriosa”, “dá um contributo decisivo para reavivar a nossa memória colectiva”, “valoriza e releva a identidade do povo madeirense que, desafiando uma repressão encoberta, construiu os alicerces de uma liberdade sobre a qual assenta hoje uma autonomia legitimada por uma democracia que tem de ser protegida”.

O júri destacou, ainda, que esta obra procura dar o seu contributo para dignificar e engrandecer a identidade da Região Autónoma da Madeira, não deixando cair no esquecimento que também aqui, em tempos sombrios, o povo madeirense lutou pela liberdade.

Durante a cerimónia que decorreu, esta manhã, no Espaço IDEIA da ALM, Élvio Passos disse que esta distinção tem um "triplo sentido e interpretação".

Além de reconhecer o trabalho executado, homenageia os presos políticos do Estado Novo e constitui-se como um forte incentivo a continuar o serviço público e, dessa forma, retribuir à comunidade o prémio que nos atribui através da Assembleia Legislativa da Madeira".  Élvio Passos 

O jornalista enalteceu o facto do livro ter "honrado a memória de quantos lutaram, durante muitos anos, contra a ditadura e pela liberdade". Uma luta que espera que "seja inspiradora nos tempos actuais", face às constantes "ameaças".  

Por um lado, nunca tivemos tanta liberdade. Não nos faltam meios para nos expressarmos. Podemos ir aonde quisermos, ver os filmes e os livros que desejamos. Temos garantias constitucionais e legais perante o Estado, mas, ao mesmo tempo, tentam nos condicionar a maior liberdade de todas, aquela que nem a ditadura alcançou plenamente, que é a liberdade de pensamento. Se condiciona esta, todas as demais também o serão".  Élvio Passos 

"Um condicionamento, muitas vezes, imperceptível", conforme frisou, "que pode ter muitas origens".

Por outro lado, João Lizardo disse não esperar esta distinção. Mas aproveitou para recordar que, através desta obra, pôde constatar que “o número de presos políticos na Madeira era superior aos do continente”. Pessoas que sofreram às mãos de um regime que considerou “terrorista”. 

Trabalhei nisto com muita ligeireza sem me aperceber do impacto que a questão dos presos políticos teve na Madeira". João Lizardo

Por fim, aproveitou para dizer que "é extremamente gratificante que esta homenagem parta da ALM". 

Já o presidente do parlamento regional, José Manuel Rodrigues, afirmou que esta “é uma distinção justamente merecida por se tratar de um trabalho de grande qualidade, com uma grande pesquisa e excelente documentação, dando-nos a conhecer, e às novas gerações, o que foi a acção da polícia política do anterior regime e a repressão que efectuou sobre quem ousava escrever, manifestar-se, lutar pelos seus direitos ou até pensar diferente do chamado Estado Novo”. 

Rodrigues aproveitou ainda para saudar o DIÁRIO de Notícias da Madeira “que, ao longo da sua história, tem plasmado os grandes acontecimentos desta terra sem deixar de abrir as suas páginas ao que se passa no país e no mundo, mas que também tem a preocupação de fixar em livros momentos e realizações marcantes do nosso arquipélago, sendo este [‘Presos Políticos do Estado Novo na Madeira’] um excelente exemplo”. 

De referir que entre as seis propostas analisadas pelo júri, o livro de Élvio Passos e João Lizardo foi o escolhido. 

O Prémio Emanuel Rodrigues é destinado a distinguir cidadãos que, a título individual ou colectivo, tenham efectuado trabalhos com relevância para a autonomia e para a identidade regional.

Esta é a 4.ª edição do galardão que visa reconhecer o mérito de obras que se destaquem nas áreas académica, literária, histórica, científica, artística ou jornalística.

O prémio, no valor de 5 mil euros, foi entregue no Dia da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, que se assinala hoje, 19 de Julho.

Esta distinção é, também, uma homenagem da ALM ao seu primeiro presidente, Emanuel Rodrigues.

O regulamento do prémio pode ser consultado no site do Parlamento madeirense em www.alram.pt.