Paris e Londres querem reforçar a cooperação em matéria de migração e defesa
O Presidente francês Emmanuel Macron e o novo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, comprometeram-se hoje a "reforçar a cooperação em matéria de migração irregular" e revitalizar a parceria de defesa entre Paris e Londres.
Os governantes anunciaram também que vão organizar a próxima cimeira franco-britânica no Reino Unido em 2025, que sucederá à realizada em 2023, em Paris, quando o conservador Rishi Sunak era chefe do governo britânico.
Desde que o Partido Trabalhista de Keir Starmer chegou ao poder, no início de julho, o Reino Unido manifestou vontade de rever as suas relações com a União Europeia (UE), para virar a página do 'choque' causado pelo Brexit.
"Olhando para o futuro, a França e o Reino Unido perseverarão na sua cooperação em todas as áreas das suas relações", garantiram os dois líderes num comunicado de imprensa conjunto após um jantar de trabalho bilateral à margem da cimeira da Comunidade Política Europeia (CPE) que decorreu no Palácio de Blenheim, a noroeste de Londres.
Um ponto muito sensível do lado britânico são as chegadas de migrantes que atravessam o Canal da Mancha.
"O primeiro-ministro e o Presidente da República manifestaram as suas condolências pelas vítimas dos trágicos acontecimentos ocorridos no Canal da Mancha ontem [quarta-feira] e na semana passada", garantiram.
De acordo com a nota, Macron e Starmer estão "empenhados em reforçar a sua cooperação em matéria de migração irregular e na luta contra as associações criminosas responsáveis por estas trágicas mortes durante as travessias em pequenas embarcações".
"Se queremos resolver a situação no Canal da Mancha, não é só a nível bilateral", defendeu Emmanuel Macron na conferência de imprensa no final da cimeira, depois de ter dito que não havia "nenhuma varinha mágica" para o fazer.
"Trata-se de trabalhar de forma muito mais eficaz com os países europeus de primeira entrada e com todos os diferentes países para lutar de forma clara e eficaz contra os contrabandistas", acrescentou.
Reafirmando o mesmo apoio à Ucrânia, os governantes disseram ainda querer "revitalizar a sua cooperação em matéria de defesa para melhor ter em conta as complexas dificuldades do mundo moderno e a variedade de ameaças que os estados hostis e os atores não estatais representam sobre os seus valores e interesses".
O chefe de Estado francês considerou que o encontro foi "um momento muito importante para realizar esta revisão" das relações franco-britânicas mas também entre o Reino Unido e a UE.
No entanto, apelou aos britânicos para "respeitarem o que foi decidido e assinado" durante as negociações que se seguiram à sua saída da UE.