A pele é o maior órgão do corpo humano, desempenhando diversas funções essenciais para a sobrevivência, tais como protecção, regulação, absorção, armazenamento e excreção.
Apesar de actuar como uma barreira física contra agentes externos prejudiciais à saúde, a pele pode ser também uma porta de entrada para infecções, especialmente quando sua integridade é comprometida.
Na rubrica 'Explicador' de hoje conheça a dermatite, uma condição inflamatória da pele comum que pode manifestar-se de diversas formas.
O director do Serviço de Dermatologia do SESARAM, Tiago Esteves, explica, ao DIÁRIO, que "a dermatite é uma inflamação da pele que causa sintomas como vermelhidão, comichão, descamação e formação de pequenas bolhas cheias de líquido transparente, podendo aparecer em diferentes partes do corpo e em qualquer idade".
As dermatites são patologias muito comuns e não contagiosas, mas que, além do desconforto físico, podem também causar desconfortos psicológicos. No entanto, o autocuidado com a pele e a orientação e tratamento corretos ajuda a controlar esta patologia. Tiago Esteves
O médico dermatologista aponta que a dermatite pode ser causada "pelo contacto com substâncias ou tecidos que causam alergia, efeitos secundários de alguns medicamentos, má circulação sanguínea ou pele muito seca".
"Embora não seja grave", revela, a dermatite pode provocar "um grande desconforto e, como tal, deve ser corretamente diagnosticada e tratada" por um especialista em dermatologia. A automedicação "deve ser sempre evitada", atenta.
Principais tipos de dermatite e os seus sintomas, segundo o director do Serviço de Dermatologia do SESARAM:
• Dermatite seborreica, um tipo comum de dermatite no couro cabeludo e na face que provoca a vulgar caspa. Por vezes, as escamas são secas, outras vezes têm um aspecto oleoso. Os principais sintomas são descamação do couro cabeludo e face (sobrancelhas, pálpebras, pegras nasais, atrás das orelhas e tórax), excesso de oleosidade, vermelhidão e comichão;
• Dermatite de contacto, é causada por um agente externo (produto ou objecto) que ao entrar em contacto com a pele causa irritação ou alergia. Geralmente, os locais atingidos são face e mãos. Estas reações não são imediatas, surgem um ou dois dias após o contacto e não ocorrem na primeira vez que se contacta com a substância, sendo necessárias várias exposições até o paciente se tornar alérgico;
• Dermatite atópica, uma doença inflamatória cutânea, caracterizada por secura, descamação da pele e comichão. A sua localização varia com a idade: no lactente surge na face, tronco e abdómen; na primeira infância e adolescência surge nas pregas dos braços, pernas (atrás dos joelhos) bem como nas pálpebras e região bucal; no adulto localiza-se mais frequentemente nas mãos e pálpebras.
A dermatite atópica é mais comum em crianças e tem habitualmente bom prognóstico, com melhoria até à adolescência. Quando persiste até à idade adulta ou surge pela primeira vez nesta faixa etária tende a ser mais grave;
• Dermatite de estase, uma inflamação crônica da pele que acontece na região inferior das pernas, principalmente nos tornozelos. A doença é caracterizada pela alteração da cor da pele, que fica escurecida, devido ao calor, edema e descamação.
• Dermatite das fraldas, que corresponde à tradicional “assadura” provocada pela irritação da pele do rabinho dos bebés que usam fraldas.
Tratamento
O tratamento da dermatite varia conforme o tipo e a gravidade da condição. Dependente da causa, a terapêutica poderá consistir na aplicação de cremes com corticóides tópicos, antifúngicos e/ou anti-histamínicos.
A prevenção da inflamação da pele exige cuidados acrescidos com a hidratação, sendo necessário manter a pele bem hidratada com a aplicação diária de cremes emolientes para recuperar e manter a função da barreira cutânea, evitar banhos muito quentes e prolongados. É ainda crucial evitar o contacto com substâncias irritantes ou alergénicas e fazer uma boa gestão do stress.