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'DE ONDE sURGEM AS PALAVRAS!?' para ver na Casa da Luz

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O espaço de exposições temporárias do Museu de Electricidade Casa da Luz – Madeira acolhe, a partir desta quinta-feira, 18 de Julho, a mostra 'DE ONDE sURGEM AS PALAVRAS!?' da autoria de Afonso da Gama, jovem artista que concluiu recentemente o curso de Artes Visuais na Escola Secundária de Francisco Franco.

A exposição engloba diferentes modalidades da expressão e comunicação visual (vídeo, fotografia, desenho, escrita, diário gráfico, recorte/colagem, performance e assemblagem) que se convergem em si. 

A exposição procura repensar a banalização da palavra, assumindo a sua plasticidade e capacidade de modelação enquanto parte do processo criativo. É também um alerta e uma assimilação do Outro, seja enquanto homenagem, inspiração ou incorporação.

A entrada para a exposição é gratuita, podendo ser visitada até o dia 8 de Agosto de 2024, de terça a sábado, excluindo domingos e feriados, entre as 10 e as 12h30 e as 14 e as 18 horas. 

DE ONDE sURGEM AS PALAVRAS?! (Ou como diria a poeta Salette Tavares Pergunta é gesto), apresenta-se como uma exposição-oficina da experiência criativa, onde podemos interagir com imagens/objectos mais embrionários e outras formulações mais recentes, decorrentes do processo criativo gerado na sequência esta mostra; o quanto foi preciso coligir e explorar nos recursos plástico-expressivos para descobrir o que fazer deles e com eles, para estruturar e dar vida a um projecto expositivo. Deste labor, resultaram criações visuais no âmbito do vídeo, fotografia, desenho, assemblagem, escrita, diários gráficos e procedimentos mistos de recorte e colagem; peças marcadas pelas estratégias expressivas e comunicativas (às quais acrescenta a performance), reveladas muito à flor da pele dos materiais e dos suportes; diálogo expandido com o espaço expositivo, reintegrando pré-existências, tais como a estrutura da sala de exposições e as paredes pintadas de preto. Prolixa quanto aos meios expressivos, esta exposição não descura uma particular coerência conceptual que gravita muito perto ou assume o criador, enquanto fonte sensível, corporeidade simbólica, material primeiro. Desde logo oferece-nos um patamar de cumplicidade com o ser, o fazer e o modo de (se) expor deste jovem artista que sem estratégias de defesa ou camuflagem, acolhe os desafios do seu tempo real e a natureza necessariamente experimental de uma primeira exposição individual. A concretude formal, a (im)permanência da linguagem plástica, a interpelação visual e táctil dos objectos, a materialidade/imaterialidade da escrita, a comunicação simultânea ou das narrativas mais presas à tradição plástico-artística, são as mãos que pedem as nossas; as mãos que nos levam a percorrer o espaço de exposição e nos pedem para demorar um pouco mais a desvendar os olhos, a ver/ler, sentir e pensar. Esta, é uma exposição que envolve relações sensoriais e estéticas de acaso, mas depende muito mais da motivação, disponibilidade e trabalho dos fruidores: a experiência artística exige um esforço que não raras vezes percebemos ser necessário fazer acontecer de maneira mais consciente, dedicada e apetrechada. Corpo e ficção, permanência e transitoriedade, ocultação e desocultação, pertença e perda; empenhada tecitura e desconstrução. Estas são as linhas que cosem o desenho ou alinhavam as imagens. O texto grafado sobre diferentes suportes e estruturas compositivas, ora vem dar continuidade ao poema do fundo da memória, ora vem libertar/desacomodar as palavras dos territórios convencionais, operando novas fisionomias e sentidos. Poética e estética que nos acolhe de maneira amigável, outras vezes nos desafia com uma postura tensa e interrogativa. A arte, a história das artes plásticas, é plena de inconformismo. Nesta senda, realizar uma exposição(momento crucial do processo artístico), não é seguramente o ponto final de todo o trabalho, mas um mirante para indagar o que se segue, um estímulo para voltar aos trilhos da criação. Numa das paredes há uma cortina/tapete de panos que descai sobre a parede, que vem ao nosso encontro, como uma exclamação, ou melhor, como uma pergunta geradora de ilimitadas respostas: DE ONDE sURGEM AS PALAVRAS!? Teresa M.G. Jardim