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Crise humanitária é catastrófica na RDCongo e pode alastrar regionalmente

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Foto ONU

A crise humanitária é catastrófica no leste da República Democrática do Congo (RDCongo) e pode haver uma escalada regional, alertaram hoje várias organizações não-governamentais que pediram à União Africana que tome medidas para pôr termo às hostilidades.

Assolado por uma violência armada há 30 anos, o leste da RDCongo, e em particular a província do Kivu do Norte, vive há dois anos e meio uma crise, com o ressurgimento da rebelião do Movimento 23 de Março que, com o apoio do Ruanda, se apoderou de vastas extensões de território.

Uma trégua humanitária de duas semanas foi anunciada em 05 de julho pelos Estados Unidos da América, mas "não se manteve, os confrontos continuaram", observou uma coordenadora da área do Kivu do Norte da ONG Ação contra a Fome, Sophia Gerdes, durante uma sessão de informação online sobre a RDCongo.

Mesmo que os combates entre os rebeldes e as forças governamentais tenham diminuído de intensidade durante este período, "todas as partes se preparam para retomar a guerra", observou o presidente da Rede de Paz do Congo, Patrick Kikandi, nesta sessão de informação organizada na véspera de uma reunião bianual da União Africana, prevista para Acra, no Gana.

Uma ativista dos direitos humanos na RDCongo, Justine Masika Bihamba, disse, para descrever a situação humanitária em Goma, a capital de Kivu do Norte, e arredores, onde se reúnem centenas de milhares de pessoas deslocadas: "não tenho palavras, é catastrófica".

"Sempre falámos da solidariedade africana e pedimos aos dirigentes que se vão reunir [em Acra] que vejam o sofrimento do povo congolês", acrescentou Justine Masika, que pediu também aos "Presidentes da RDCongo e do Ruanda que ponham os seus egos de lado e dialoguem para que o povo congolês possa ter paz".

A mediação entre os dois países foi iniciada pelo Presidente angolano, João Lourenço, mas, até à data, falhou.

Para Sophia Gerdes, "o conflito atingiu níveis de violência raramente vistos na região" e, de acordo com vários intervenientes no 'briefing' 'online', corre o risco de alastrar a outros países africanos.

As ONG apelaram a um cessar-fogo global e a uma cessação das hostilidades.