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Borrell insiste que Sérvia aprove sanções contra Rússia por ambicionar aderir à UE

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O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, insistiu hoje, numa reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Sérvia, Marko Duric, que Belgrado deve aprovar as sanções da União Europeia (UE) contra a Rússia, visto aspirar aderir ao bloco.

Durante a reunião em Bruxelas, Borrell transmitiu as "fortes expectativas" da UE com a Sérvia de alcançar uma "harmonização completa" com a Política Externa Comunitária, frisando que é essencial para um país candidato, de acordo com um comunicado divulgado pelo Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE).

Belgrado condenou a guerra da Rússia contra a Ucrânia e defende a sua integridade territorial, mas não aplica sanções ocidentais contra Moscovo.

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.

Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

O alto representante da UE para a Política Externa e Segurança da União Europeia reiterou ainda a Duric o desejo de Bruxelas de que a Sérvia e o Kosovo continuem as conversações no âmbito do diálogo mediado por Bruxelas para normalizar as suas relações.

Sobre este tema, Borrell pediu à Sérvia e ao Kosovo que apliquem o acordo de Ohrid de março do ano passado, que não assinaram e que prevê que tanto Belgrado como Pristina reconheçam os documentos oficiais de ambos os países para que os cidadãos possam viajar livremente entre estes, e para que a Sérvia não impeça a entrada do Kosovo nas organizações internacionais.

A última reunião que o Presidente sérvio Aleksandar Vucic e o primeiro-ministro do Kosovo, Albin Kurti, tiveram em Bruxelas com Borrell, em junho passado, terminou sem acordo.

As tensões entre a Sérvia e o Kosovo permanecem muito elevadas 15 anos após o final da guerra, na sequência de uma intervenção militar da NATO contra Belgrado em 1999, suscitando receios sobre o reacender do conflito e a abertura de uma nova frente de desestabilização na Europa enquanto prossegue a guerra na Ucrânia.

O Kosovo independente -- que a Sérvia considera o berço da sua nacionalidade e religião -- foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os Estados Unidos, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.

A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil, África do Sul ou Indonésia) também não reconheceram a independência kosovar.