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Montenegro acusa PS de ser "o maior usurpador de uma herança política" em 2015

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O primeiro-ministro acusou hoje o PS de ter sido "o maior usurpador de uma herança política" quando, em 2015, encontrou uma solução para governar, apesar de ter ficado em segundo lugar nas eleições legislativas.

Na resposta a uma longa ronda de 22 pedidos de esclarecimento, Luís Montenegro dirigiu-se, sem nomear, ao deputado do PS Tiago Barbosa Ribeiro, que tinha afirmado haver um padrão de atuação do Governo, de "propaganda, desculpas e usurpação", referindo-se em concreto à inauguração pelo executivo da variante da EN14, entre a Maia e a Trofa, obra que disse ter sido consignada pelo então ministro das Infraestruturas e atual líder do PS Pedro Nuno Santos.

"Houve até alguém que ousou dizer a este Governo, a este primeiro-ministro que está a usurpar o trabalho feito pelos anteriores governos, naturalmente que o fizeram, nunca deixo de registar isso", começou por afirmar Montenegro.

No entanto, o primeiro-ministro questionou a legitimidade de usar esta expressão "vindo de quem estava neste parlamento na altura em que os portugueses escolheram o PSD e o CDS-PP para governar" e o PS ficou em segundo, "a seis pontos, não foi por poucochinho", referindo-se às legislativas de 2015.

"Quem é que foi o maior usurpador de uma herança política que não o PS em 2015? Isso sim foi usurpar a herança de um caminho que estava na direção certa e os senhores interromperam", criticou.

Para Montenegro, foi essa interrupção que "trouxe menos desenvolvimento, mais pobreza" e colocou os serviços públicos de saúde, educação e a situação da habitação "no seu pior momento de sempre dos 50 anos de liberdade".

"Na saúde, na educação, no acesso à habitação, é verdade: nunca tínhamos batido tão no fundo, todos os apelos que aqui fizeram para que sejamos rápidos, isso é tudo verdade, mas só é verdade porque ficou por fazer ao longo dos últimos 3.050 dias", disse.

A fase de respostas da segunda ronda ao primeiro-ministro começou com um incidente, já que só sobravam 18 segundos a Luís Montenegro para responder às mais de duas dezenas de perguntas das várias bancadas.

Por consenso, e apesar das críticas do PS de má gestão do tempo por parte do primeiro-ministro (que usou 32 minutos dos 40 de que dispunha para a sua intervenção inicial), foi alterada a grelha acordada e concedidos dez minutos extra a Montenegro.

No final, e perante as respostas do chefe do Governo, a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, concluiu que "a cedência de tempo não serviu para nada, não respondeu a nada", a não ser para uma espécie de comício.

"Os dez minutos que foram dados para os portugueses serem esclarecidos não serviram para esclarecer os portugueses", lamentou.

Pela bancada do PSD, o líder parlamentar Hugo Soares salientou que "cada um dos deputados e membros do Governo usam da palavra conforme se entende", dizendo não entender que se desvalorizem as respostas concretas que Montenegro deixou às perguntas dos deputados sobre os Açores e a Madeira.

Também o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, saiu em defesa do primeiro-ministro, que disse ter feito "um esforço quase diria desumano" para responder a todas as questões.