Governo e oposição venezuelana acusam-se de preparar violência para presidenciais
Os dois candidatos favoritos às eleições presidenciais venezuelanas de 28 de julho, Nicolás Maduro e Edmundo González Urrutia, acusaram-se mutuamente de estar a preparar alegados atos de violência.
A oposição tem denunciado que o regime está a aplicar medidas autoritárias contra as suas atividades e condena a detenção nos últimos dias de pelo menos 12 colaboradores, assim como o encerramento de estabelecimentos comerciais por onde passa o candidato Edmundo González Urrutia, substituto da vencedora das primárias opositoras de outubro de 2023, María Corina Machado, impedida judicialmente de se apresentar a eleições.
O Movimento Ao Socialismo (MAS), um dos partidos que apoiam Edmundo González Urrutia, alertou hoje para a alegada concretização de atos violentos do chavismo caso Maduro perca as eleições.
Em declarações aos jornalistas, o secretário-geral do MAS, Felipe Mujica, condenou as recentes declarações do governador do estado de Táchira, Freddy Bernal, de que não há razões para acreditar que Maduro perderá as eleições e que se isso acontecesse, o novo governo teria que demitir-se devido às ações que tomariam os seguidores do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, no governo).
"A apenas duas semanas das eleições presidenciais, condenamos as palavras do governador tachirense porque continua a insistir no caminho da violência", disse Mujica.
"A via é eleitoral e temos de a defender. Temos de votar no dia 28 de julho no candidato Edmundo González porque ele garante a restauração de tudo o que se perdeu na Venezuela", frisou Mujica, sublinhando que "onde quer que o governo coloque obstáculos, a reação da população será maciça em apoio ao candidato da Plataforma Unitária Democrática (PUD, aliança opositora)".
A oposição tem denunciado diversos "obstáculos", incluindo bloqueio de estradas por polícias e pela Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) com o objetivo, assegura do PUD, de impedir as suas iniciativas públicas.
Na segunda-feira num comício em Bolívar, no sul do país, Nicolás Maduro acusou a oposição estar "à procura de uma hecatombe, de uma tragédia, de algo forte que mude o rumo do que vai acontecer na Venezuela a 28 de julho".
"Temos de estar em alerta, mil olhos, mil ouvidos", disse o Presidente recandidato, sucessor de Hugo Chavez.
Maduro voltou a insistir que a oposição está preparada para "gritar fraude" e advertiu que as autoridades não o permitirão e que quem o fizer terá um castigo severo.
"Querem [a oposição] a paz ou que entremos em guerra civil? Querem o regresso das 'guarimbas' [protestos violentos]? Estão a preparar-se para gritar fraude para voltar às 'guarimbas'. Mas nós não vamos permitir isso. Quem pisar o risco vai arrepender-se por 100 anos", disse.
Maduro acusou a oposição de preparar uma "guerra contra os serviços públicos, um plano de sabotagem" de uma ponte que liga os estados Anzoátegui a Bolívar para criar "uma hecatombe" e "gritar que a culpa é de Maduro".
Segundo indica a agência noticiosa Efe, as sondagens tradicionais fornecem a vitória por larga margem à coligação anti-chavista.
Maduro pediu hoje num juramento da polícia do país (PNB) que os agentes "derrotem" alegadas conspirações do setor maioritário da oposição.
"Juram cumprir e fazer cumprir a Constituição, as leis da República, com a responsabilidade suprema e inerente, como funcionários ao serviço do povo, de defender, proteger, servir o nosso povo, e derrotar as conspirações do império do mal e a oligarquia dos apelidos?", disse o chefe de Estado durante a cerimónia.
O Governo venezuelano refere-se habitualmente como "os apelidos"~aos principais dirigentes da principal aliança opositora -- a Plataforma unitária democrática (PUD).