Biden atribui responsabilidade por ataque a Trump
O Presidente dos Estados Unidos rejeitou a responsabilidade pela retórica inflamatória que culminou no ataque a Donald Trump no sábado, atribuindo-a ao rival Republicano.
Ao ser questionado na entrevista à cadeia de televisão norte-americana NBC sobre a expressão "colocar Trump no alvo", usada há alguns dias, Biden admitiu ter sido "um erro", mas apontou para o rival e para as alegações de fraude eleitoral que levaram ao ataque de 06 de janeiro de 2021 no Capitólio.
Pressionado a "fazer um exame de consciência" sobre a linguagem, Biden centrou-se em Trump e em declarações mais recentes do ex-presidente, como as que referem "um banho de sangue" em caso de derrota nas presidenciais, ou as "piadas" quando o "marido da congressista Nancy Pelosi foi atingido por um martelo".
"Eu não usei essa retórica, foi o meu adversário que a usou", disse Biden, que depois do ataque de sábado a Trump defendeu que a campanha presidencial fosse mais moderada.
O Presidente norte-americano disse que vai "continuar a falar sobre as coisas que importam" à população e prometeu "falar sobre como lidar com a fronteira em vez de falar sobre as pessoas como se fossem parasitas", uma referência à retórica anti-imigração de Trump.
"Esse é o tipo de linguagem inflamatória", assinalou.
Sobre a tentativa de assassínio do rival presidencial, Biden voltou a condenar a violência política, disse que a conversa subsequente entre os dois "foi cordial" e afirmou não ter pensado em como esse acontecimento ia mudar a trajetória da corrida à Casa Branca.
Depois de pedir uma investigação independente, Biden evitou classificar o ataque a Trump como uma falha de segurança e disse sentir-se "seguro com os Serviços Secretos".
No rescaldo do ataque, mostrou-se preocupado com "a saúde" de Trump e com "a proteção" dos candidatos presidenciais e vice-presidenciais "daqui para a frente", embora tenha citado apenas a experiência pessoal face às expressões "inflamatórias e maldosas" de eleitores de Trump.
"Nunca vi uma circunstância em que se percorre certas zonas rurais do país e as pessoas têm cartazes (...) de (apoio a) Trump que dizem 'F... Biden', com um miúdo a levantar o dedo do meio", explicou.
Em relação ao "número dois" de Trump anunciado na segunda-feira J.D. Vance, Biden lembrou os comentários negativos feitos pelo senador no passado sobre o ex-presidente e considerou que Vance simplesmente adotou a agenda do Republicano.
Biden voltou a rejeitar os apelos para suspender a campanha e dar o lugar a outro Democrata, lembrando os "14 milhões de pessoas" que votaram nele para ser o candidato do partido e que é apenas três anos "mais velho" do que Trump.
Sobre o debate com o candidato Republicano em junho, Joe Biden admitiu que "o irritou" porque não se ter sentido bem, queixou-se da imprensa por não ter falado das "28 mentiras" que Trump proferiu e descartou "outra atuação a esse nível" no próximo debate, previsto para setembro.