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Novo governo britânico melhorou tom sobre UE mas não vai rever Brexit

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Foto Shutterstock

A mudança de tom do Governo britânico relativamente à União Europeia (UE) é notória desde que o Partido Trabalhista chegou ao poder, apontam analistas, que contudo afastam a hipótese de reabertura do acordo pós-Brexit. 

O novo primeiro-ministro, Keir Starmer, reafirmou o desejo de reaproximar o Reino Unido da UE e de aproveitar a reunião da Comunidade Política Europeia, na quinta-feira em Oxford, para propor maior cooperação em matéria de segurança e no combate à imigração ilegal.

O politólogo Anand Menon confirmou que a mudança de tom em relação ao Governo anterior "é importante e significativa", mas disse que nem Starmer nem a ministra das Finanças, Rachel Reeves, defendem uma "relação substantivamente muito próxima". 

"Querem estar em bons termos porque consideram que a competição que caracterizava a relação durante o governo conservador era absurda e contraprodutiva, mas não penso que queiram (...) uma relação substantivamente mais próxima", afirmou o diretor do centro de estudos UK in a Changing Europe. 

Para Menon, Londres vai procurar obter melhorias, seja em termos de comércio ou de segurança, "mas as ambições serão limitadas, especialmente porque nada disto vai mudar em termos de crescimento económico, porque o Partido Trabalhista recusou [aderir à] união aduaneira ou ao mercado único". 

"É difícil pensar em qualquer circunstância em que o Governo britânico pensasse em aderir à união aduaneira ou mercado único porque negociar demoraria mais do que uma legislatura [e] em termos de opinião pública, não há grande apetite por uma longa discussão com a UE", acrescentou. 

A professora de Direito Europeu da Universidade de Cambridge, Catherine Barnard, concordou, vincando que mudanças significativas terão de ser negociadas à margem do Acordo de Comércio e Cooperação assinado após a saída do Reino Unido da UE. 

"Com boa vontade dos dois lados e alguma viragem por parte da UE, tendo em conta 'cicatrizes' feitas pelo Governo anterior, há espaço para fazer coisas, mas não podemos ser demasiados otimistas", avisou. 

O Reino Unido é o país anfitrião da quarta reunião da Comunidade Política Europeia (CPE), na qual é esperada a presença de 45 líderes europeus, incluindo o primeiro-ministro português, Luís Montenegro. 

Pela primeira vez, vão estar representadas neste forum a NATO, a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) e o Conselho da Europa.

O evento terá lugar no Palácio de Blenheim, perto de Oxford, abrindo com uma sessão plenária, seguida de três mesas redondas sobre migração, energia e conectividade, e sobre defesa e salvaguarda da democracia, concluindo com uma nova sessão plenária.  

É costume realizarem-se à margem encontros bilaterais entre líderes. 

A CPE foi criada em 2022 como um fórum informal de cooperação política, económica e de segurança, congregando países europeus para além dos 27 estados-membros da União Europeia.

Nas reuniões anteriores, além dos líderes dos 27 Estados-Membros da UE, estiveram presentes os seis países dos Balcãs Ocidentais (Montenegro, Sérvia, Macedónia do Norte, Albânia, Kosovo e Bósnia e Herzegovina), os quatro membros da EFTA (Islândia, Liechtenstein, Suíça e Noruega), os países da Parceria Ocidental (Arménia, Azerbaijão, Geórgia, Moldova e Ucrânia - com exceção da Bielorrússia, que se encontra suspensa), o Reino Unido e a Turquia.