Incêndios atingiram 4,48 milhões de hectares de terras no Brasil em 2024
Incêndios atingiram uma área de 4,48 milhões de hectares no Brasil no primeiro semestre deste ano, especialmente a Amazónia, que representou 66% da área total atingida pelo fogo no país (2,97 milhões de hectares), de acordo com o Mapbiomas.
O Mapbiomas, que realiza estudos sobre a cobertura e uso da terra no Brasil, incluindo um Monitor do Fogo para identificar incêndios por imagens de satélites, afirmou que a área atingida pelo fogo no país sul-americano mais que duplicou (mais 119%) do que no mesmo período de 2023.
A organização também detetou que o Cerrado foi o segundo bioma brasileiro mais atingido pelas chamas, com 947 mil hectares queimados nos seis primeiros meses de 2024 -- o que representa um aumento de 48% (307 mil hectares) face ao mesmo período de 2023.
No primeiro semestre deste ano, os estados brasileiros com mais áreas queimadas no país foram Roraima, com 2 milhões de hectares, o que representa 44% do total queimado no país, o estado do Pará, com 535 mil hectares, e Mato Grosso do Sul, com 470 mil hectares. Os três representaram 67% do total da área afetada pelas chamas no semestre.
"No início de 2024, observamos uma concentração significativa de incêndios na Amazónia, especialmente nas áreas de vegetação campestre de Roraima. Este estado, diferentemente do restante do bioma, enfrenta um período de seca nos primeiros meses do ano", afirmou, em comunicado, Felipe Martenexen, investigador responsável pelo mapeamento da Amazónia no Monitor do Fogo.
O especialista acrescentou que esse fenómeno foi intensificado pelas condições climáticas mais secas resultantes do El Niño, criando um ambiente propício para o alastramento do fogo, com desafios adicionais de controlo e mitigação.
"Em junho, o fogo se concentrou mais no Cerrado e no Pantanal, regiões que enfrentam sua temporada de fogo devido à redução das chuvas e ao aumento das temperaturas", avaliou Vera Arruda, coordenadora técnica do Monitor do Fogo.
A investigadora lembrou que no Cerrado brasileiro, bioma parecido com a savana africana, localizado no centro do país, a vegetação queima por causa da estiagem, porém a área queimada no primeiro semestre no bioma foi a maior dos últimos seis anos monitorados.
Já no Pantanal, bioma localizado ao sul da Amazónia, a temporada de fogo começou mais cedo do que o esperado, intensificando os desafios para a gestão do fogo. Nesse bioma brasileiro 468 mil hectares de vegetação arderam no primeiro semestre deste ano, 370 mil hectares em junho -- o equivalente a 79% do total, a maior área queimada no bioma no primeiro semestre já observada pelo Monitor do Fogo.
Na Mata Atlântica, bioma presente em grande parte da região costeira do país, 73 mil hectares de vegetação foram queimados entre janeiro e junho de 2024, a maior parte (71%) concentrada em áreas agropecuárias.
No Pampa, nesse mesmo período, a área queimada foi de 1.145 hectares, figurando entre as menores observadas nos últimos seis anos. Normalmente, o Pampa apresenta pouca extensão de áreas queimadas, que ficam ainda mais reduzidas em períodos de El Niño, fenómeno climático que no sul do Brasil se manifesta de modo inverso, resultando em aumento das chuvas.
Na Caatinga, bioma árico localizado na região nordeste do país, arderam 16.229 hectares nos seis primeiros meses, um aumento de 54% face ao mesmo período de 2023, concentrado principalmente em formações savanicas (65%).