O Compromisso de Portugal com a Imposição da Paz
Portugal afirma estar preparado para se envolver em futuras missões de imposição da paz, lideradas pelas Nações Unidas. Esta declaração, feita pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, em Nova Iorque, destaca o papel proactivo que o país está disposto a desempenhar no cenário internacional, especialmente em cooperação com a União Africana, cuja abordagem na estabilização da Somália tem sido descrita como “inovadora”.
Rangel reconheceu que as operações de imposição da paz, em contraste com as missões tradicionais de manutenção da paz, são inerentemente mais arriscadas e complexas. Esta distinção sublinha a necessidade de recursos adicionais e uma maior preparação, onde Portugal vê na União Africana um parceiro essencial. É crucial destacar o papel mediador de Angola na República Democrática do Congo, especialmente o contributo do presidente João Lourenço, um exemplo de liderança regional que Portugal apoia e procura valorizar no contexto da União Europeia.
Embora Portugal não tenha um papel directo nos processos de mediação regionais em África, a diplomacia portuguesa pode servir de plataforma para dar visibilidade às iniciativas angolanas e realçar a importância de Angola como um interlocutor crucial para a paz num continente tantas vezes devastado por conflitos antigos e persistentes. Este esforço alinha-se com a tradição portuguesa de participação em missões de paz, como demonstrado ao longo de 66 anos em cenários de conflito desde o Líbano até à República Centro-Africana.
A mudança de paradigma defendida pela União Africana, de manutenção para imposição da paz, levanta desafios significativos em termos de sustentabilidade, eficácia e financiamento das operações.
Portugal, com a sua vasta experiência acumulada, está bem posicionado para contribuir de maneira substantiva, tanto na esfera das Nações Unidas como da União Europeia. A prontidão para envolver as suas forças militares demonstra um compromisso contínuo com a estabilidade global.
No contexto europeu, a relação bilateral com a Ucrânia e o recente acordo com o presidente Zelensky reflectem a postura de Portugal em apoiar a segurança e estabilidade no continente, apesar de não estar directamente envolvido no conflito ucraniano ou no âmbito da NATO. A presença de tropas portuguesas na Roménia simboliza esta disponibilidade para actuar em prol da paz, um princípio fundamental para reduzir o risco de conflitos e evitar a sua escalada.
Debates nas Nações Unidas têm sublinhado a necessidade de combinar instrumentos de imposição da paz com esforços de estabilização e consolidação da paz. Neste cenário, Portugal surge como um actor comprometido e experiente, disposto a enfrentar os desafios complexos que as missões de imposição da paz representam. Este compromisso é essencial para a construção de um futuro mais seguro e pacífico, onde a cooperação internacional e o suporte mútuo são imperativos.
Portugal está, assim, preparado para continuar a sua trajectória de participação activa nas missões da ONU, contribuindo com o seu conhecimento e recursos para a imposição e manutenção da paz, reafirmando o seu papel como um defensor ardente da estabilidade global.
Gregório José