A Inteligência Artificial e a empatia na comunicação digital
Num mundo onde as interações digitais estão a tornar-se cada vez mais comuns, a falta de empatia pode levar a mal-entendidos e a uma comunicação fria e impessoal
A Inteligência Artificial (IA) está a transformar rapidamente a comunicação digital. Embora ofereça eficiência e rapidez, o seu uso inadequado pode trazer sérios problemas, como a redação de mensagens com tom negativo em diversos canais. Apesar dos avanços da IA, habilidades humanas como empatia, comunicação e pensamento crítico são insubstituíveis.
A facilidade de uso da IA na redação de mensagens pode levar a comportamentos impulsivos. Com o seu vasto vocabulário, a IA pode transformar pequenas palavras em algo ofensivo. Esta capacidade de sofisticar a linguagem dos insultos torna as interações digitais mais tóxicas. Com apenas um clique, uma mensagem gerada por IA pode ser enviada sem qualquer ou pouca reflexão sobre o seu impacto. Esta conveniência elimina a barreira natural de ponderação que normalmente acompanha a redação de uma mensagem, promovendo uma comunicação desprovida de empatia. Lembremos que a empatia permite compreender e partilhar sentimentos, essencial para resolver conflitos e construir relacionamentos sólidos.
A IA remove a necessidade de esforço humano na composição de palavras ofensivas, tornando o processo automático e sem consideração pelo destinatário. A proliferação de mensagens insultuosas, potencializadas pela IA, pode deteriorar ainda mais a qualidade das interações online. A sofisticação dos insultos pode causar danos emocionais, exacerbando conflitos e criando um ambiente digital hostil.
Desenvolver empatia é fundamental. Procurar resolver conflitos de maneira pacífica e construtiva, como através da comunicação não-violenta, é mais eficaz do que recorrer a insultos. No entanto, parece que estamos a caminhar na direção oposta. Estamos a criar uma geração menos empática e mais desligada emocionalmente. A capacidade de enviar mensagens com um simples clique pode estar a entorpecer esta sensibilidade.
O impacto da IA nos jovens é especialmente preocupante. Crescendo numa era onde a comunicação digital domina, os jovens estão cada vez mais expostos a interações mediadas por IA. A capacidade de enviar mensagens automatizadas e impessoais pode diminuir a prática de habilidades sociais essenciais, como a empatia e a comunicação emocional. Além disso, a exposição constante a mensagens potencialmente insensíveis ou ofensivas, geradas por IA, pode dessensibilizar os jovens à dor emocional dos outros. A tendência para a comunicação rápida e sem filtros promovida pela IA pode fomentar uma cultura de insensibilidade, onde a consideração pelos sentimentos alheios é secundária à conveniência e à eficiência.
Num mundo onde as interações digitais estão a tornar-se cada vez mais comuns, a falta de empatia pode levar a mal-entendidos e a uma comunicação fria e impessoal. Por exemplo, uma mensagem escrita por IA pode ser tecnicamente correta, mas sem o toque humano que entende o contexto emocional do destinatário, pode parecer insensível ou inadequada.
Ironia das ironias: e quando percebemos logo que foi utilizada IA na escrita de uma mensagem em nada positiva? Aí temos o bónus adicional de ser insultados por uma máquina, o que acrescenta um toque especial de desumanização ao insulto. Nada como a tecnologia para nos relembrar que podemos ser ofendidos com precisão algorítmica.