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Aprendizagem eficaz em período de exames nacionais

A segunda fase dos exames nacionais está à porta, trazendo consigo uma mistura de ansiedade, expetativas e preparação intensa para milhares de estudantes. Que estratégias específicas orientadas para uma boa aprendizagem podem ser melhor empregues neste período?

A investigação sugere que a preparação atempada, a boa gestão do tempo e a utilização de métodos adequados de estudo que promovam a produtividade, melhor gestão do stress e menor ansiedade, são boas preditoras de sucesso académico. É importante criar uma rotina, calendarizando horários e blocos de estudo, distribuir o tempo de forma equilibrada, evitando a sobrecarga, introduzir tempos de lazer/descompressão, e definir objetivos realistas, monitorizando-os e ajustando quando necessário. A antecipação de obstáculos desestruturadores, como a procrastinação, crenças de pouca eficácia e a alteração de rotinas que existiam durante o ano, podem ser colmatadas com, por exemplo, check ups motivacionais de pais e/ou colegas, como forma de iniciar e/ou persistir no estudo.

Não há aprendizagem sem atenção, e a presença de distratores como aparelhos eletrónicos deve ser eliminada ou mitigada. Quanto à música, a investigação é controversa, pois pode criar um ambiente psicológico favorável à tarefa, mas por outro lado capturar a atenção se a música tiver letra apelativa, causando interferência especialmente quando se estuda matérias com conteúdo verbal. No mesmo sentido, o multitasking é prejudicial, pois em processos de aprendizagem complexa, é melhor focarmos a atenção numa tarefa apenas, ou interrompemos a aprendizagem.

Relativamente a estratégias mais específicas, releva-se a prática espaçada, ou seja, a distribuição do estudo ao longo do tempo, com revisões periódicas da matéria: por exemplo, de um tópico um dia após o seu estudo/ 3 dias depois/uma semana e ajustando assim por diante, permitindo maior consolidação da aprendizagem na memória a longo prazo. Em disciplinas como a Matemática, torna-se essencial perceber o processo: tomar como modelo determinada resolução de exercício, compreender a sua lógica e mecanismo, realizar alguns equivalentes e posteriormente revê-los mais tarde, através da prática espaçada.

Fazer apontamentos e resumos promove a recuperação e apropriação do conhecimento nas nossas próprias palavras e sentido, e reduzi-lo a ideias-chave possibilita a criação de mapas mentais, ferramenta visual que pode ajudar a organizar e relacionar a informação. Sugere-se não sublinhar o texto à primeira, pois não há ainda a ideia do todo. É mais eficiente ler a primeira vez e perceber as ideias-chave, e na segunda leitura sublinhar o que as sintetizam, ajudando a criar esquemas cognitivos, ou representações mentais da informação que acumulam maior significado, e a sua posterior recuperação e desenvolvimento.

Para além da indispensável realização de exames de anos anteriores, uma estratégia muito validada pela investigação é a recuperação da informação através da evocação do que aprendemos sem olhar para a matéria em si, através de 3 fases: o estudo, a evocação em voz alta ou escrita do que nos lembramos, e a sua revisão. Evocar em voz alta, explicar a alguém a matéria ou simular uma aula pode ser mais eficaz do que recordar mentalmente ou em voz baixa, pois a nossa memória apreende melhor o que é distintivo, diferente do habitual. Desafie-se com perguntas/testes práticos a si próprio e responda. Depois corrija-os, monitorize e ajuste o seu processo de aprendizagem.

Bom estudo a todos!