Era uma vez…

Era uma vez, num pequeno pedaço de terra à beira-mar plantado, um país chamado Portugal. Portugal era famoso pelas suas paisagens deslumbrantes, a sua rica cultura e, sobretudo, pelas suas pessoas calorosas e acolhedoras. Contudo, havia um desafio persistente que afligia este belo país: o seu sistema educativo.

Naquela terra, a educação era regida por uma lei de bases do sistema educativo criada em 1986, uma época em que os computadores eram raridade, os telemóveis quase não existiam (só nas séries “Justiceiro” e “Esquadrão Classe A”…) e a internet uma mera ficção científica. Embora esta lei fosse sofrendo algumas atualizações ao longo dos anos, ainda carregava o peso de uma era que já não existia. Os tempos tinham mudado, mas o sistema educativo não tinha mudado o suficiente.

Num cantinho do país, vivia uma jovem chamada Sofia. Sofia era curiosa, cheia de sonhos e com uma sede insaciável de conhecimento. Sofia desejava aprender de forma que a preparassem para o mundo real, desenvolvendo capacidades críticas e autonomia. Porém, a Sofia sentia-se muitas vezes presa a um modelo educativo desatualizado e rígido. Sofia não estava sozinha. Muitos dos seus amigos partilhavam os mesmos sentimentos. Eles queriam uma educação que não fosse apenas sobre memorizar factos, mas que os ensinasse a pensar, a tomar decisões informadas e a serem responsáveis pelas suas escolhas. Todos sonhavam com um sistema onde tivessem igualdade de oportunidades e onde a liberdade de escolha fosse uma realidade, independentemente da área de residência ou das condições económicas das suas famílias.

Certo dia, Sofia e os seus amigos propuseram um desafio ao professor que lecionava

“Cidadania e Desenvolvimento” (das poucas disciplinas que estes alunos adoravam) para

desenharem um novo sistema educativo. Começaram a imaginar como seria um novo modelo de educação para Portugal. Desenharam um modelo onde a diversidade de ensino era valorizada, permitindo a coexistência de escolas públicas, privadas, sociais e cooperativas, todas com a liberdade de se organizarem de forma que melhor respondessem às necessidades dos seus alunos. Imaginaram um sistema onde o financiamento seguia o aluno, garantindo que todos tivessem a mesma oportunidade de escolher a escola que desejassem, com apoio adicional para aqueles que mais precisassem. Um sistema que garantia uma cobertura territorial completa, para que nenhuma criança ficasse para trás. Sofia “desenhou” uma rede estatal descentralizada, onde as escolas tinham autonomia

administrativa, financeira e pedagógica, permitindo uma gestão mais próxima e adaptada às realidades locais. Imaginou escolas livres de influências políticas e religiosas, focadas na instrução e convivência cívica.

Os amigos de Sofia também pensaram na importância de parcerias com entidades privadas e da sociedade civil, promovendo uma gestão eficiente e competitiva, com avaliações transparentes para assegurar a qualidade do ensino.

Com estas ideias em mente, a Sofia e os seus amigos decidiram levar a sua mensagem aos responsáveis governativos. Queriam alertar para a necessidade de uma reforma profunda no sistema educativo. Era crucial que as políticas públicas evoluíssem para acompanhar estas mudanças e garantir uma educação que verdadeiramente preparasse os cidadãos para os desafios do futuro.

E assim, armados com a força das suas convicções e o desejo de ver o seu país prosperar, Sofia e os seus amigos fizeram ouvir a sua voz. Sabiam que o caminho seria longo e desafiador, mas estavam determinados a lutar por um sistema educativo que fosse inclusivo, adaptável e capaz de potenciar o melhor de cada aluno.

Mas esta história poderá um dia ter um final feliz? Acredito que sim… E, com um pouco de sorte e muita determinação, talvez um dia, Portugal possa orgulhar-se não apenas das suas paisagens e cultura, mas também do seu sistema educativo inovador e inclusivo, capaz de preparar as futuras gerações para um mundo em constante mudança.

Que todos os alunos saibam “FAZER A DIFERENÇA!”

José Augusto de Sousa Martins