Turismo

O crescimento do alojamento turístico, não tradicional, foi determinante o contributo das plataformas digitais. A pandemia deu-lhe um impulso.

Este crescimento tem contribuído para que bairros históricos, em muitas cidades europeias, sejam considerados como parques temáticos porque poucos são os habitantes locais que ainda lá residem, devido às rendas que são elevadíssimas ou porque os proprietários remodelaram os prédios e os afectaram ao novo estilo de alojamento turístico.

Nos últimos meses têm ocorrido manifestações, em algumas cidades europeias, contestando o turismo de massas, a dificuldade ou impossibilidade de ter acesso a uma habitação a rendas acessíveis, o que só conseguem nas periferias.

Sebastian Ebel, líder da TUI, no contexto da manifestação contra o turismo de massas, em Canárias, em Maio, disse que o alojamento turístico “não só reduz a oferta de alojamento como também aumenta os preços daqueles que não se destinam ao turismo.”

As Ilhas Baleares, a evolução do turismo internacional, ano 2008, 10,2 milhões; em 2023, 14,42 milhões (Statista).

Em Maio, a Presidente do Governo das Baleares, Marga Prohens, falou da “necessidade de gerir o turismo para que volte a traduzir-se em bem estar para os residentes porque, nos últimos 15 anos, a comunidade perdeu PIB per capita e o êxito turístico não se traduziu no bem estar para os cidadãos.”

“O modelo da quantidade chegou ao seu fim: não se pode crescer em quantidade, mas sim em valor.”

No mesmo mês, o Governo das Baleares convocou uma reunião que reuniu 140 agentes sociais para debater e apresentar soluções para a saturação turística.

Desta reunião foram estabelecidos: “Os objectivos do Pacto para a Sustentabilidade Balear: diversificar produtos e sectores, promover políticas contra a saturação, garantir a preservação do meio ambiente, melhorar a coordenação entre  administrações turísticas, melhorar a coordenação com o sector turístico.”

A jornalista, Tereixa Constenla, no seu artigo de opinião “Lisboa se muere de éxito” (El Pais, 29 Maio) escreveu: “Tradicional mistura de autenticidade, melancolia, rusticidade e modernidade, a capital portuguesa tornou-se uma meca do turismo internacional. Mas pagou o preço sob a forma de gentrificação e perda da sua essência.”

João Freitas