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A democracia não se perverte!

Albuquerque, a meu ver muito bem, não se escondeu por trás de qualquer subterfúgio

A democracia, sumariamente e no quadro contemporâneo, é um regime em que, ouvido o povo, os que este decide escolher como os primeiros (entre os muitos em contenda eleitoral) devem, de modo a garantir que a voz popular não é escamoteada, governar. Sós ou em diálogo com terceiros, consoante as circunstâncias o ditarem.

Este entendimento, não foi, porém, o de alguma oposição da Madeira.

Que entendeu que a voz do povo, que atribuiu a maioria, siamesamente, ao PSD-Madeira e a Miguel Albuquerque (não se escamoteie o facto), de nada valia.

E esse entendimento foi de tal forma perverso e atentatório da opção popular, que se chegou mesmo a alegar que o problema era o PSD-Madeira ter quem tinha como presidente. Pelo que, alguma oposição dixit, ou o partido vencedor mudava de líder (apesar, relembre-se sempre, de sufragado pelo povo) e tudo se resolveria ... ou então não haveria governo.

Albuquerque, a meu ver muito bem, não se escondeu por trás de qualquer subterfúgio e disse, legitimamente e suportado na escolha interna do seu partido e na voz popular, que ou era ele o presidente do governo...ou que nos preparássemos para novas eleições.

E digo (e reafirmo) que Albuquerque esteve muito bem, pois apesar de saber que a questão podia ter implicações negativas para a sociedade Madeirense como um todo, não era possível pactuar, em definitivo, com um tal atentado a um valor maior da democracia e da liberdade (que tanto custaram a alcançar e que devem ser mantidas a todo o custo!).

Valor maior esse que, não se esqueça, é o de o povo decidir quem quer, maioritariamente, que o governe, e que cada partido, por si só (e não por exigência ou interferência de terceiros) decida quem é (ou deve ser) o seu líder.

Felizmente, porém, e depois de muitos, de vários partidos, terem porfiado seriamente (o que a Madeira reconhece e agradece) acabou por prevalecer o bom senso.

Mas o que jamais o povo Madeirense deverá esquecer e que importa relevar destes episódios, é o que sobressai de todo o processo.

Basicamente, que os que mais enchem a boca de democracia e de transparência (leia-se, JPP e PS) e se arvoram, no caso deste último, como o partido primacial do regime, tenham sido os que mais atentaram contra princípios fundamentais desse mesmo regime. Nomeadamente, ao demonstrarem não querer aceitar a decisão popular, como se viu na conferência de imprensa conjunta de 27 de maio (em que tentaram um “golpe à António Costa 2015”) e, suplementarmente, pela recusa veemente ao diálogo para que foram desafiados pelo partido maioritário, no sentido de se procurarem e, se possível, estabelecerem pontes, a bem do povo Madeirense. Que é matéria que não parece, afinal, fazer parte das suas preocupações!

Por uma razão simples: porque existe uma fome e uma ânsia ilimitada de poder nas lideranças desses partidos! De que, por sinal e como se estivessem a ver-se ao espelho, tanto acusam os outros!