De consciência tranquila

Porque a democracia assim o permite; ter opinião. Se assim não fosse não seria democracia, coisa que o povo desta terra e após 50 anos sente ainda uma enorme dificuldade em aceitar a liberdade como um bem adquirido e a democracia como um modelo de expressar essa mesma liberdade. Mas afinal será a democracia é que persegue este povo ou a foi liberdade que condicionou-lhe o exercício da democracia? Vejam que se alguém vota a favor dos eternos governantes, é uma falsidade e um ato de covardia perpetuar o PSD no governo, se votarem contra é uma falta de responsabilidade em adiar as possíveis soluções que dependem do orçamento que para uns a economia da região ficará bastante afetada, mas para outros nada que não esteja a acontecer à oito meses. Enquanto que a culpa será sempre da oposição porque 48 anos de hegemonia PSD em nada culpabiliza o facto do governo cair de novo e voltarmos a ser chamados a eleições. Mas os paladinos da democracia acham que o povo está farto de votos! Afinal este povo não se dá lá muito bem com a consulta popular, (eleições) tem enorme dificuldade em assumir a democracia como modelo de mostrar a vontade popular e acham que prefere ter os mesmos carrascos de sempre mesmo que para isso tenha que ser chamado a cada quatro anos em troca duma espetada meio bolo do caco e uma laranjada e mesmo que depois tenham de andar mais outros quatro anos a se lamentar. Afinal em que é que ficamos? Queremos um governo que se preocupe com os cidadãos todos os dias do ano ou um que promete mundos e fundos a cada quatro anos? Definitivamente temos um povo que não tem cultura democrática, acha que o governo é que tem de assumir as responsabilidades e os compromissos dos cidadãos e só serve para que a cada quatro anos sejamos chamados a eleger aqueles que eles propõem para que nós os escolhamos. A razão pela qual é cada vez mais difícil lidar com os madeirenses e motivar cidadãos livres, genuínos e honesto a participarem ativamente na política é simples. Os oportunistas, vigaristas, malabaristas, infiltrados e corruptos sequestraram a democracia, legalizaram o roubo e institucionalizaram a corrupção e os cidadãos indefesos acham-se incapazes de alterar o paradigma político do país e da região. Mas afinal somos ou não somos livres? Acham ou não que quando estamos indignados, desiludidos, defraudados e revoltados contra este modelo de democracia devemos utilizar essa democracia e a liberdade que a mesma consagra para ao menos tentar alterar o panorama político? De quem é a culpa de serem sempre os mesmos a governar, não é do povo que os elege? Sim! Porque quando aparece a possibilidade duma alternativa, o sistema está de tal forma desacreditado que todos são rotulados pela mesma bitola; SÃO TODOS IGUAIS. mesmo aqueles que querem fazer algo de novo, tentam combater o sistema, mas o mesmo estão tão musculados que são a esses que atacam, os que queremos a que algo mude. Os partidos do sistema não querem cidadãos comuns, genuínos, e a política parece talhada para trafulhas e corruptos não havendo espaço para gente séria e honesta e os que eventualmente queremos mudá-la não temos o verdadeiro apoio da sociedade massacrada e lesada pelo próprio sistema e compreende-se a razão. Será uma traição aos muitos que acreditaram ser possível a alteração do panorama político da região e que agora vêm gorada essa possibilidade. Para um arguido dizer que está de consciência tranquila, assim como para quem poderia e deveria por termo a este sistema que andou a pregoar o combate à corrupção e ao compadrio, copia a mesma desculpa, não podemos esperar nada dum regime gerido por viciados da corrupção. Por tanto, vamos devolver a democracia aos cidadãos e dar a oportunidade a quem realmente pretende uma nova forma de fazer política e uma nova maneira de estar em democracia, mas para isso precisamos da coragem e de cidadãos disponíveis ao serviço das populações e não a utilizar a democracia para se servirem e para seus próprios benefícios.

A. J. Ferreira