Madeira passa a estar mais bem capacitada na investigação do mar
ARDITI apresentou hoje o novo veículo de superfície não tripulado, o DriX, ou ‘drone marítimo’, como também é conhecido adquirido pelo Governo Regional com verbas do PRR
Foi hoje apresentado no Centro Náutico de São Lázaro, no Funchal, o novo veículo de superfície não tripulado ou ‘drone marítimo’ adquirido pelo Governo Regional para a ARDITI - Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação, Tecnologia e Inovação, ao abrigo das verbas disponibilizadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), na área do mar e das alterações climáticas.
O novo equipamento, um dos poucos existentes no Mundo, vai permitir desenvolver o estudo e a monitorização do mar em toda a Zona Económia Exclusiva da Madeira (ZEE), conforme salientaram o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, e Rui Caldeira, presidente da ARDITI.
O investimento que rondou os 3,4 milhões de euros permite colocar a Madeira na vanguarda da tecnologia nesta área, conforme notou o investigador, responsável pela Agência, que salientou que este equipamento é apenas uma das peças de um conjunto maior que vai permitir que a Região se reposicione no que respeita à investigação do mar.
Entre outras valências, este ‘drone marítimo’ vai permitir recolher dados batimétricos até 2 mil metros, comunicar com veículos subaquáticos, recolher dados sobre a qualidade da água (temperatura, salinidade, condutividade) até aos mil metros.
Trata-se de um equipamento com uma autonomia para sete a 10 dias, sem necessidade de reabastecimento nesse período, mas Rui Caldeira destaca o menor custo de operação que o mesmo representa, quando comparado com navios não autónomos. "Podemos levar todas esta tecnologia para as Selvagens. O navio fica estacionado e é utilizado como plataforma de comando e controlo e, depois, estes veículos, a custos mais controlados, podem executar as missões e recolher a informação", exemplifica, salientando trata-se de "um pensamento mais actual", na gestão de recursos e meios.
O pensamento estratégico que se desenvolveu aqui permite à Região se expor de uma forma pioneira a nível nacional e europeu. E isso é importante para nós. Se queremos nos agregar em projectos europeus, temos de ter elementos atractivos, temos de ter alguma diferenciação. As Canárias têm a sua plataforma offshore, os Açores já têm alguma tradição e estão a adquirir várias tecnologias, portanto, nós tínhamos de ter algo diferente, algo atractivo. Rui Caldeira, presidente da ARDITI
Para Miguel Albuquerque esta é a aposta mais acertada, tornando a Região num 'hub' tecnológico e científico de referência nacional e internacional, nomeadamente na área do mar, como tem vindo a ser apanágio do seu Executivo, através dos investimentos feitos neste âmbito.
"É importante percebermos que a nossa dimensão ultraperiférica atlântica é decisiva para tomarmos decisões, sobretudo do ponto de vista da ciência, que nos coloquem na vanguarda do estudo científico dos oceanos", disse o presidente do Governo Regional.
A par disso, "do ponto de vista geopolítico, as Regiões Ultraperiféricas francesas, as Canárias e as regiões autónomas da Madeira e dos Açores dão à União Europeia uma projecção, se a Europa se quiser afirmar como um potência, de presença física no Oceano Atlântico, nas Caraíbas, na América do Sul e no Índico", disse, lembrando que em causa estão regiões que detêm 90% da biodiversidade da Europa e garantem uma plataforma continental "que vem conferir uma riqueza única à União Europeia".
Albuquerque salientou, ainda, o retorno que as empresas tecnológicas já representam para a economia madeirense, situado-se, em 2022, na ordem dos 612 milhões de euros, prevendo que estes números venham a aumentar nos anos de 2023 e 2024, a julgar pela "evolução positiva" registada no presente.