Carta aberta (II)
Posto isto, entro na entrevista do senhor Presidente da Coopesca - “Mestre Jacinto”.
Quanto a mim, e, desde início, uma entrevista para tentar aliviar as suas costas e as de mais alguém. Mantém-se tudo em “águas mornas”.
Divido esta entrevista em sete pontos.:
- Com o intuito de não ferir nem acusar ninguém mas sobretudo resguardar a sua própria pessoa mais que àqueles que representa, o senhor Presidente da Coopesca toca ao de leve no desinteresse dos governantes em ter deixado “correr o marfim” e nada terem feito pelas pescas na Madeira;
- Fala nas sucessivas reduções de quotas de captura de tunídeos para a Madeira e Açores que há uma década atrás eram 11.000 toneladas e em 2024 são somente 2.500 toneladas. Mas prudente e camaleonicamente não atribui responsabilidades a ninguém e esquece-se de perguntar, em nome da Madeira e dos armadores e pescadores madeirenses, que fez a senhora eurodeputada em Bruxelas, sendo ainda, para cumulo, a vice-presidente da Comissão de Pescas naquela instância.
- Confirma o que todos nós já sabíamos – O mar da Madeira está “calcetado” de tunídeos que não podem ser pescados, embora haja vontade de trabalhar, porque não há quota disponível e nenhum armador arrisca ser penalizado com multas e represálias. ESCANDALOSAMENTE o atum da típica ceia madeirense de S. João está nas Selvagens. E, aquele que poderia ser nosso em quantidade e preços muito mais acessíveis está a ser pescado por embarcações de terceiros, sem o mínimo de controlo ou fiscalização porque não temos meios para o fazer. Os armadores espanhóis e canários marimbam-se para a EU e para as ZEE. Estão a pescar a 100/120 milhas da Madeira. O pouco atum para o S. João madeirense foi importado de Espanha.
Portugal faz um defeso na captura da sardinha de alguns meses. Mas durante esse tempo temos sardinhas nos mercados vindas de Espanha mas capturadas nas águas portuguesas.
- Há excesso de embarcações a operar nos mares da Madeira e Açores. É uma realidade. As licenças são atribuídas pelas autoridades civis e marítimas. Quem as controla e como controla ninguém o sabe. Verifica-se porém uma falta de planeamento e aconselhamento, direi desinteresse face ao que se vinha a verificar com as quotas. Neste aspecto a Coopesca não está isenta de responsabilidade dado que não é mais que uma ponte entre governo, armadores e pescadores, daí resultando concupiscência.
Não podemos esquecer que o maior excedente de embarcações não são as de 26 ou 28 metros muito bem equipadas mas sim as de dimensões de 10 a 15 metros ou menos.
Porém há que lembrar dois aspectos : - Não se percebe muito nem ninguém vez alguma explicou porque é que a Madeira concede X licenças para barcos açoreanos operarem nos mares da Madeira e em contrapartida os Açores somente concedem X-N licenças.
O outro aspecto é que na Madeira estão a operar embarcações, propriedade de madeirenses mas registadas nas Capitanias dos Açores por razões de conveniência e benefícios. Tudo isto cria problemas geradores de insatisfação.
A existência de dificuldades financeiras e incerteza de sobrevivência para os armadores mas sobretudo para os pescadores é uma realidade. Como resolvê-la? Subsidiodependência não é razoável nem aceitável. Permanente baixa médica é incorrecta além de ilegal. Desemprego não é viável atendendo ao pouco tempo de faina. Manter a ociosidade é frustrante e anti tudo. Só há uma solução – Alargar quotas e deixar pescar. (Continua)
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