Até ao dia da acusação… (II)
Um dia iremos descobrir qual foi a moeda de troca para os deputados do Chega viabilizarem o programa de governo
Os partidos CDS, PAN, IL e Chega decidiram viabilizar o programa de governo do PSD Madeira, o que se percebia que ia acontecer com toda a encenação montada. Assumiram-se como as bengalas de um regime corrupto, e é assim que vão continuar.
José Manuel Rodrigues é um caso perdido. De um percurso onde chegou a ser o principal líder da oposição ao jardinismo, e na Câmara Municipal do Funchal considerado como o sexto vereador de Paulo Cafôfo apoiando todas as iniciativas do PS e da Coligação, protagonizando desde sempre alguns dos ataques mais cínicos ao PSD Madeira, decidiu desde 2019 atirar às malvas tudo aquilo que pensávamos ser os seus princípios, aceitando a cada nova eleição para a ALRAM vender-se pelo lugar de Presidente da Assembleia. Confesso que por duas vezes, em 2019 e agora, ainda pensei que era capaz de dar um passo em frente e fazer história. Enganei-me sempre. É um vendido, nada mais.
Na última sessão solene do Dia da Região fez um discurso sem sentido, oco e bacoco. Parecia um militante de qualquer secção base do PPD, defendendo o percurso errático de Miguel Albuquerque, tentando passar um pano sobre as manchas de podridão que assistimos nos últimos meses, e como se todos tivéssemos esquecido as suas afirmações como candidato em campanha, passando por mentiroso. Um verdadeiro artista.
Nessa sessão, esqueceu igualmente o seu papel como Presidente da Assembleia Legislativa, que deve ter algum distanciamento e equidade, representando todas e todos os deputados daquela assembleia, decidindo atirar aos partidos da oposição que não são coniventes com o regime corrupto do PPD. Cada qual escolhe o seu lugar.
O PAN mais uma vez mostrou as suas cores, assumindo-se como uma espécie de PEV para o PSD Madeira, estando sempre disponível para dar a mão, e para dar o dito por não dito. É um satélite do PSD, e é assim que tem de se assumir. Infelizmente nem uma política ambientalmente séria e consistente consegue defender.
O Chega é um assunto à parte. Um dia iremos descobrir qual foi a moeda de troca para os deputados do Chega viabilizarem o programa de governo. Sendo certo que são todos ex militantes e até mesmo ex dirigentes do PPD, não conseguiram esconder a satisfação pelo serviço que fizeram. Espero que deixem de conseguir enganar tantos eleitores no futuro.
Em paralelo, a revista Visão informou ontem que processo de acusação contra Pedro Calado vai andar a arrastar-se nos tribunais, dependendo dos recursos da defesa. O MP contestou a decisão da instrução sobre as medidas de coação, e a defesa terá até setembro para apresentar os seus argumentos, seguindo-se decisão do Tribunal da Relação, que pode igualmente ter recurso para o Supremo. Ainda se está apenas a decidir as medidas de coação dos acusados. Será um processo que possivelmente demorará anos até se chegar a uma conclusão. O ex autarca terá bastante tempo disponível para o seu atual trabalho de consultadoria.
Por fim, Miguel Albuquerque. Esta legislatura será uma corrida contra o tempo. O que virá primeiro, a acusação do MP ou outras eleições?