Mortalidade em crianças moçambicanas até 5 anos caiu para menos de metade em 20 anos
O número de crianças moçambicanas que morrem antes de completar 5 anos caiu para menos de metade em 20 anos, para 60 por 1.000 nascidos vivos, segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) a que a Lusa teve hoje acesso.
Segundo o Inquérito Demográfico e de Saúde (IDS) 2022-2023 do INE, os dados referem-se ao período dos últimos cinco anos, tendo a taxa de mortalidade de menores de 5 anos diminuído de 201 para 60 por cada mil nascidos vivos, comparando o IDS de 1997 com o atual.
No inquérito, que abrangeu 14.250 agregados familiares, afirma-se que "o declínio mais notável registou-se na mortalidade infanto-juvenil", que diminui de 201 mortes por 1.000 nascidos vivos no período de cinco anos anteriores ao IDS de 1997, para 60 mortes nos cinco anos anteriores ao IDS de 2022--2023.
No estudo indica-se que, no período em referência, a taxa de mortalidade infanto-juvenil (entre o nascimento e o quinto aniversário) foi mais elevada na área rural (63 mortos) do que na urbana (50).
No documento aponta-se como uma das principais causas os curtos intervalos entre os nascimentos que "estão associados a taxas de mortalidade elevadas".
"A taxa de mortalidade infanto-juvenil das crianças nascidas menos de dois anos após o nascimento anterior é mais de duas vezes superior à das crianças nascidas três ou mais anos após o nascimento anterior", refere-se.
Segundo o inquérito, a província de Cabo Delgado (89) tem os índices mais elevados de mortalidade de menores até aos 5 anos, enquanto Tete (30) apresenta taxas baixas.
Entre as províncias com taxas de mortalidade mais altas seguem-se a de Gaza (75), Sofala (73), Nampula (72), Manica (71), Niassa (68) e a cidade de Maputo (59).
No estudo do INE também se afirma que "a sobrevivência dos bebés e das crianças depende, em parte, das características demográficas e biológicas das respetivas mães".
Acrescenta-se que "a probabilidade de morte na infância é muito maior entre as crianças de mães adolescentes (com menos de 18 anos) ou mães de idade mais avançada (com mais de 34 anos), entre as crianças nascidas após um curto intervalo entre os partos (menos de 24 meses após o parto anterior) e entre as crianças de mães com elevada parturição (mais de três filhos)".
Relativamente à natalidade, no estudo destaca-se que, em média, as mulheres das zonas rurais têm 5,8 filhos, mais 2,2 quando comparadas com as das zonas urbanas, acrescentando-se que as províncias do norte de Moçambique apresentam níveis mais elevados de fecundidade em comparação com a região sul.
No global, a taxa de fecundidade em Moçambique é de 4,9 filhos por mulher, conclui-se no documento, que especifica que há 158 nascimentos num universo de 1.000 mulheres com idades entre 15 e 19 anos, 224 nascimentos nas idades entre 20 e 24, números que baixam para 36 crianças nascidas entre 45 e 49 anos.
"As províncias do norte do país apresentam os níveis mais elevados de fecundidade, onde se destaca Niassa, com 6,8 filhos por mulher. As províncias do sul apresentam os níveis mais baixos, destacando-se a cidade de Maputo, com 2,1 filhos por mulher", lê-se.
No que diz respeito à gravidez na adolescência, no inquérito indica-se que pelo menos 36% das mulheres com idades entre 15 e 19 anos já engravidaram pelo menos uma vez, destacando-se que 29% das mulheres acima dessa idade já tiveram um nascido vivo, 3% já tiveram uma gravidez que terminou em perda e 8% encontravam-se grávidas à data da realização do inquérito.
Segundo o estudo, os níveis mais elevados de gravidez na adolescência verificam-se nas províncias de Cabo Delgado (55%) e Niassa (52%), contrariamente à cidade de Maputo (12%) e a província de Maputo (18%), que apresentam os níveis mais baixos.