“Ainda não conseguimos o respeito [da República]”
Sara Madalena, líder parlamentar do CDS-PP, na Sessão Solene do Dia da Região
A ponta-solense Sara Madalena, líder parlamentar do CDS-PP, destacou a passagem do Hino da Região “do Vale à Montanha, Teu povo Humilde, Estóico e Valente” para recordar que “não tem assim tanto tempo, que das Costas de Baixo até ao Funchal se apanhava um barco”, nem tem tanto tempo assim “que homens e mulheres nasciam e morriam sem passar os limites do seu concelho”, como também “não tem tanto tempo assim que por via de regimes totalitários perigosos e suas consequências os nossos bisavós e avós, se calhar pais, tiveram de fugir da sua terra à procura de novos horizontes”.
Estava dado o mote para contar a ‘estória’ de família de quem ainda na adolescência saiu ‘sem papéis’, dos fundos dos vales, rumo a Moçambique” e depois até África do Sul, para tentar a sua sorte. “Sem ‘direitos’ trabalhou clandestinamente em restaurantes, no que aparecesse, até ser denunciado” e deportado para Angola, então, portuguesa, antes de voltar para casa.
Uma ‘estória’ com outros contornos para vincar que “é desta têmpera que se faz o madeirense, da resiliência, do esforço e da perseverança”.
Neste dia que se comemora a Autonomia da Madeira e as comunidades madeirenses “que por esse mundo fora exibem orgulhosamente a bandeira portuguesa”, Sara Madalena conclui que “muito mudou nas últimas décadas e pelos investimentos feitos, podemos nos dar ao luxo de viver na capital e trabalhar em qualquer ponto da ilha, sem ter de fazer percursos de horas por estradas sinuosas” e outras desventuras das intermináveis viagens de um passado não muito distante.
“Se por dentro estamos bem, comparativamente ao passado recente, para a República não se poderá dizer o mesmo… de Ilhas Adjacentes a Regiões Autónomas, mais que o estatuto ainda não conseguimos o respeito, a prossecução plena do princípio da continuidade territorial, sem aproveitamentos da nossa inexorável insularidade e do nosso pseudo isolamento”, reclamou.
“Precisamos de soluções ao nível da operacionalidade do aeroporto, de alternativas, como a pista do Porto Santo e o posterior transporte por via marítima”, apontou. Concluiu que “para isso temos de dar condições a empresas e passageiros para que a relação seja de ganho recíproco, porquanto apenas um vistas curtas desdenharia quem tem as melhores condições para, se ajudando, nos ajudar também. É a mão invisível a funcionar no seu mais pleno esplendor”, afirmou. “Eu quero uma Madeira que seja tão tua, como minha”, rematou.