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Dia da Região Madeira

Embaixador insta lusodescendentes a falar português na Venezuela

João Pedro Fins do Lago falava para centenas de pessoas, em Caracas, num jantar de confraternização no âmbito das comemorações locais do Dia da Madeira, salientando que também no Centro Português da cidade "se pode aprender a língua de Camões"

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O embaixador de Portugal na Venezuela, João Pedro Fins do Lago, instou no domingo os lusodescendentes a falar português, salientando que neste país da América Latina milhares de alunos aprendem a língua, muitos sem qualquer vínculo com Portugal.

"Muitos pais dizem que os filhos não falam português porque a vida de muito trabalho os absorvia e não tinham tempo para insistir numa língua que não era a que os filhos aprendiam na escola. No entanto, hoje em dia mais de 11 mil alunos aprendem o português na Venezuela, incluindo muitos sem qualquer ligação a Portugal", disse o embaixador.

João Pedro Fins do Lago falava para centenas de pessoas, em Caracas, num jantar de confraternização no âmbito das comemorações locais do Dia da Madeira, salientando que também no Centro Português da cidade "se pode aprender a língua de Camões".

"Já não há desculpa para os portugueses não falarem a língua que é sua, que é a mais importante expressão da sua portugalidade, que abre destinos e mercados de trabalho aos mais jovens em todo o mundo e que é raiz mais profunda das nossas tradições", frisou.

Na intervenção, o diplomata lembrou Luís Vaz de Camões, cujo quinto centenário do nascimento se celebra este ano.

"Na sua obra imortal, Os Lusíadas, no Canto V, Camões comparou a Madeira com as ilhas gregas de Cipro, Gnido, Pafos e Citera, pela importância que estas ilhas tiveram no mundo clássico que é, afinal de contas, o berço da nossa civilização", disse.

João Pedro Fins do Lago recordou igualmente parte da história da Região Autónoma da Madeira, dos navegadores, da declaração de 01 de julho também como Dia das Comunidades Madeirenses e do 50.º aniversário da revolução do 25 de Abril.

"A autonomia foi decisiva para o desenvolvimento de ambas as regiões [Madeira e Açores] periféricas de Portugal. É uma realidade dinâmica, não estática, que nas últimas cinco décadas tem vindo a ser aprofundada com base no princípio da subsidiariedade. Isto é, distribuindo-se de forma pragmática as competências entre os órgãos nacionais e os órgãos regionais, decidindo Lisboa o que é melhor ser decidido a nível nacional e o Funchal o que é melhor a nível regional", disse.

Ainda segundo João Pedro Fins do Lago, "uma outra conquista que não teria sido possível sem a mudança política que ocorreu no 25 de Abril de 1974 foi a integração, 10 anos depois da Constituição de 1976, de Portugal nas Comunidades Económicas Europeias, hoje União Europeia".

No discurso, o diplomata congratulou-se ainda com a retoma, em 13 de junho, dos voos diretos entre Caracas e o Funchal e agradeceu o esforço da TAP para que tal seja possível, fazendo votos para que "a experiência agora iniciada perdure no tempo e seja competitiva no mercado com tarifas acessíveis em benefício da comunidade madeirense na Venezuela e do aprofundamento dos laços sociais e económicos com a Madeira".

"Não há na Venezuela quem não reconheça a importância da comunidade de madeirense nos últimos 80 anos e não há na Madeira quem não reconheça a importância dos madeirenses na Venezuela no desenvolvimento económico e social do arquipélago. Este desenvolvimento foi potenciado com investimentos na Madeira pelos que para lá regressaram e de modo importante por os que enviam remessas às famílias que lá vivem, assim contribuindo para a economia local", frisou.

As tradicionais celebrações do Dia da Região Autónoma da Madeira e das Comunidades Madeirenses na Venezuela começaram na quinta-feira e prolongam-se até hoje, 01 de julho.