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Extrema-direita derrotada em noite eleitoral de vitória para socialistas e liberais

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O PS e a Iniciativa Liberal foram os vencedores das eleições de domingo em Portugal, que ficaram marcadas pela derrota da extrema-direita do Chega em contraciclo com a maioria dos outros países da União Europeia.

Apesar de perder um eurodeputado relativamente a 2019, elegendo oito dos 21 eurodeputados, o PS consegue reforçar o seu resultado em 160 mil votos, vencendo em 11 dos 18 distritos e superando a votação da Aliança Democrática (PSD-CDS-PPM), que tinha ganhado as legislativas realizadas há três meses.

Os socialistas venceram, contudo, com uma margem mínima sobre a AD (menos de 40 mil votos e um ponto percentual), o que não lhes permite acalentar a expectativa de um regresso ao poder a curto prazo na sequência de uma hipotética crise política provocada pelo chumbo do Orçamento do Estado para 2025.

"O PS venceu estas eleições e é hoje a primeira força política em Portugal", salientou o secretário-geral do PS, Pedro Nuno santos, no seu primeiro comentário à vitória. Mas a margem curta dificilmente abrirá perspetivas de uma interrupção da legislatura neste início de mandato do executivo de Luís Montenegro.

Pedro Nuno deixou-o implícito ao afirmar que "não será pelo PS que haverá instabilidade política em Portugal" e que o partido "continuará a fazer o seu trabalho na oposição".

Também o presidente do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro, optou por sublinhar a "renovada confiança" manifestada pelos portugueses na AD, que também reforçou a votação face a 2019, obtendo mais cerca de 300 mil votos.

O resultado, prosseguiu Montenegro, "dá-nos muito, mas muito alento para prosseguir a caminhada que nos trouxe até aqui".

Outro dos vencedores das eleições europeias foi a Iniciativa Liberal, que vai estrear-se no Parlamento Europeu com dois eurodeputados, após alcançar mais de 357 mil votos e quase duplicando o resultado percentual das legislativas de março (9% contra 4,9%).

A grande derrota da noite eleitoral foi do partido Chega, que depois de ter feito sensação nas legislativas de há três meses com 18%, ficou-se agora pelos 9,8% e falhou o objetivo de vitória eleitoral repetido na campanha eleitoral pelo seu líder, André Ventura.

A derrota da extrema-direita portuguesa ocorreu em contraciclo com muitos dos países europeus, designadamente em França, onde a vitória da União Nacional de Marine Le Pen levou o Presidente da República, Emmanuel Macron, a anunciar a dissolução da Assembleia Nacional e a convocação de legislativas antecipadas.

Outro dos derrotados da noite foi o PAN (Pessoas-Animais-Natureza), que não só perdeu a sua representação no parlamento de Estrasburgo como ficou atrás de um partido recentemente formado, o ADN, sendo relegado para o "campeonato" dos pequenos, aqueles que dificilmente podem aspirar à eleição.

À esquerda, o BE e a CDU (coligação PCP-PEV) perdem um eurodeputado cada, mas mantêm a representação no Parlamento Europeu, que nas sondagens durante a campanha chegou a ser dada por perdida. O Livre também falhou a eleição e é outro dos derrotados da eleição europeia.

A eleição europeia abre ainda a perspetiva da eleição do anterior primeiro-ministro António Costa como presidente do Conselho Europeu, que deverá recair num socialista. Sem se assumir ainda como candidato, António Costa recolheu ainda na noite eleitoral o apoio do seu sucessor.

"Se o doutor António Costa for candidato a esse lugar, a AD e o Governo de Portugal não só apoiarão como farão tudo para que essa candidatura possa ter sucesso", assegurou Luís Montenegro.

As eleições europeias ficaram ainda marcadas pelo recuo da abstenção para cerca de 63%, menos seis pontos percentuais do que há cinco anos, para o que terá contribuído a possibilidade de voto em mobilidade que permitiu aos eleitores votarem numa assembleia de voto à sua escolha no país ou no estrangeiro.