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Circos e palhaços

Hoje, os palhaços deixaram de estar nos circos e pululam por todas as áreas da sociedade

Habituei-me, criança, a gostar de circo. Principalmente, confesso, por causa dos palhaços.

Os seus fatos garridos e as suas piadas (mesmo que requentadas) faziam-me rir.

Depois, a partir da adolescência, deixei de lhes achar piada.

E essa perca de interesse foi-se acentuando na idade adulta. Nessa altura, bastavam-me as situações cómicas e sem guião, que outros adultos me propiciavam (e as a que eu próprio terei dado azo).

Hoje, já na apelidada 3.ª idade e contrariamente ao que me diziam sobre “o ser um retorno à infância”, tudo se inverteu.

Os palhaços induzem-me pena.

Em especial os dos novos circos. Aqueles que nem tenda têm… e por isso adoram armá-la !

E tenho tanto mais pena quanto, alguns desses novos palhaços, julgando-se investidos de super-poderes e convocando palhaços de outros circos, se avocam o direito de dizer o que lhes apraz sobre terceiros e sobre as instituições, com total desrespeito por princípios até há anos inalienáveis.

São assim os novos tempos.

Hoje, os palhaços deixaram de estar nos circos e pululam por todas as áreas da sociedade, ocupando mesmo lugares até há anos reservados ao que apelidávamos de verdadeiros senhores (na lógica anglófona do gentleman), o mesmo é dizer a pessoas educadas, sensatas e que, por isso, antes de dizerem, ou fazerem, o que quer que fosse …ouviam (e, por vezes, tornavam a ouvir!), sempre com muito recato, assim evitando o risco maior de não serem contrariados por circunstâncias concretas e objetivas que se viessem, mais tarde, a verificar e a obrigar que com elas se lidasse seriamente, em nome da sociedade como um todo e do seu futuro, e não em função das agendas egoístas de cada um.

Por uma razão simples !

Porque a política não é um jogo de vídeo (de realidade virtual), outrossim um processo e um caminho concretos, para dar resposta às necessidades objetivas das pessoas, em particular das mais desfavorecidas, quer económica, financeira e socialmente, como também no plano académico-cultural.