Netanyahu exorta Gantz a não abandonar o gabinete de guerra
O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu exortou no sábado o seu rival Benny Gantz, membro do gabinete de guerra, a permanecer no "governo de urgência" após a ameaça de demissão motivada por divergências sobre o pós-guerra na Faixa de Gaza.
"Apelo a Benny Gantz que não abandone o governo de urgência", escreveu Netanyahu, também líder do partido de direita Likud, na rede social X, ao considerar que o momento "é de unidade e não de divisão".
Previamente, Gantz tinha anunciado a anulação de uma conferência de imprensa, quando os 'media' israelitas antecipavam a sua possível demissão.
Esta anulação ocorreu após o anúncio da libertação de quatro reféns israelitas retidos na Faixa de Gaza há oito meses.
"Não abandone a unidade", insistiu o primeiro-ministro israelita ao dirigir-se ao seu concorrente político.
Ministro sem pasta no âmbito de um governo alagado após o 07 de outubro e o ataque do Hamas em Israel que desencadeou o mais recente conflito israelo-palestiniano, Gantz, chefe do partido União nacional (centro) emitiu em 18 de maio um ultimato a Netanyahu.
Exigiu designadamente a adoção pelo gabinete de guerra de um "plano de ação" sobre a questão do pós-guerra na Faixa de Gaza, e cuja inexistência implicaria que "fosse forçado e demitir-se do governo", fixando 08 de junho como data limite.
Após congratular-se com a libertação dos quatro reféns, Benny Gantz declarou hoje na televisão "ser necessário não esquecer os desafios que Israel enfrenta", envolvido há oito meses numa guerra contra o Movimento de Resistência Palestiniana (Hamas), e que 116 dos 251 reféns sequestrados em 07 de outubro passado permanecem em Gaza, com 41 considerados mortos pelas contínuas ações militares do Exército judaico.
"Em consequência, digo ao primeiro-ministro e ao conjunto dos dirigentes, hoje devemos examinar com responsabilidade o que é a justo e a forma de podermos prosseguir a partir daí", prosseguiu Gantz.
Gantz é apontado como o favorito para formar uma coligação em caso de queda do governo Netanyahu - uma coligação que inclui setores de extrema-direita e ultra-religiosos aliados ao Likud - e eleições antecipadas.
O seu partido apresentou na semana passada uma proposta para dissolver o parlamento israelita (Knesset) , com pouca hipóteses de aprovação.
O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Telavive lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que até ao momento perto de 37.000 mortos e pelo menos 82.000 feridos segundo o Hamas, classificado como "organização terrorista" por Israel, União Europeia e Estados Unidos.
Calcula-se ainda que 10.000 palestinianos permanecem soterrados nos escombros após cerca de oito meses de guerra, que também está a desencadear uma grave crise humanitária.
O conflito causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
Também na Cisjordânia e em Jerusalém leste, ocupados por Israel, pelo menos 510 palestinianos foram mortos pelas forças israelitas ou por ataques de colonos desde 07 de outubro, para além de cerca de 9.000 detidos desde essa data.