Manifestação em Berlim é "última tentativa" contra extrema-direita antes de eleições
Milhares de pessoas voltaram às ruas de Berlim para protestar contra a extrema-direita, numa última chamada de atenção antes da votação para as eleições europeias que se realiza no domingo, na Alemanha.
"Votem, por favor. Votem no que quiserem, mas num partido democrático. Mais do que no nunca, é importante ser antinazi, antifascista, antirracista", apela o alemão Ruben.
Repetente nas concentrações contra a extrema-direita que se têm realizado em toda a Alemanha desde o início do ano, o berlinense acredita que "não há melhor forma de celebrar a democracia" do que gritar hoje contra a Alternativa para a Alemanha (AfD) e votar domingo.
O partido de extrema-direita tem sido alvo de sucessivos escândalos que o ligam a subornos da Rússia e a espionagem para a China, entre outros. Apesar de ter perdido vários pontos nas sondagens, ainda permanece a dúvida de se há AfD vai ou não conseguir o segundo lugar nas votações.
"É importante que nos vejam aqui. Estamos nesta manifestação para lutar contra esta bolha da extrema-direita que não pára de crescer na Alemanha, e em toda a Europa. Esta é a última tentativa antes das eleições", acrescenta Ruben.
"Temos de protestar não apenas contra a AfD, mas também contra o populismo que está a crescer dentro dos partidos do centro, nos partidos liberais. Cada vez mais vemos leis racistas e desumanas serem aprovadas por esses partidos (...) A AfD é uma consequência de más políticas, má gestão e uma má situação económica. E também estou aqui por causa disso", refere Wendi.
Estas manifestações, que habitualmente se realizam juntos à Portas de Brandeburgo, tiveram de mudar de localização por causa do Campeonato Europeu de futebol que se realiza este ano na Alemanha. Com a zona dedicada aos fãs transformada num gigante campo de futebol, a concentração fez-se junto à Coluna da Vitória.
"Trago um cartaz que diz - à direita, sim, mas só no futebol", aponta Philipp, de 81 anos.
Veio sozinho. Ele e o cartaz.
"Claro que vou votar. E claro que não vai ser na AfD. Quando os jovens têm paciência para me ouvir, explico-lhe o que aconteceu na Alemanha no passado, o Holocausto, a Segunda Guerra Mundial. É preciso que estejam informados. Quando há desconhecimento, as coisas voltam a acontecer", explica o berlinense, que se mistura no meio da multidão de cores.
Há cartazes com mensagens em alemão e em inglês, bandeiras, panfletos, membros de vários partidos, associações e sindicatos. Patrycja traz uma frase que chama a atenção e é alvo de algumas fotos.
"Um dos meus filhos ainda usa fralda. Acho que o que dizem os nazis e os populistas de direita também deveria ir parar a uma fralda. É a comparação que faço neste cartaz", conta a polaca, mãe de dois filhos de dois e seis anos que a acompanham hoje.
"Queremos um futuro para os nossos filhos, sem nazis. Só isso", aponta, não escondendo o desejo de que em mais países houvesse manifestações.
Para Louise ali ao lado é a primeira manifestação, e também vai estrear-se a votar nas eleições europeias.
"Como é a primeira vez que voto queria estar bem informada. Estudei os partidos, pedi ajuda aos meus pais. Não cheguei ainda a uma conclusão, estou indecisa, mas sei claramente que não vou votar na AfD nem em nenhum partido extremista", esclareceu.