O “espírito” de Donald Trump
Este texto não pretende fazer juízos de valores morais sobre o que é certo ou errado, pois aquilo que é considerado certo para a cognição humana pode não o ser para os Princípios que regem a vida.
O filósofo Hegel discutiu profundamente o conceito de “espírito do mundo”, referindo-se à encarnação de indivíduos destinados a transformar o pensamento coletivo. Ele citou exemplos como César e Napoleão para ilustrar essa ideia. Segundo Hegel, essas pessoas surgem quando o progresso social está estagnado, provocando mudanças profundas que não são necessariamente boas ou ruins para o Universo, mas indispensáveis, cumprindo a finalidade de abalar os alicerces da moralidade.
A condenação do ex-presidente Trump é um ponto de referência contemporâneo, desafiando algo antes inimaginável: caso eleito presidente, comandará a maior potência mundial dentro de uma prisão. Sim, a legislação americana permite essa paradoxal incoerência.
O “espírito do mundo” nasce de uma eclosão de forças extrafísicas. Esses impulsos exigem uma figura emblemática, totalmente destemida, para pulsar no inconsciente coletivo da sociedade, atraindo seguidores de maneira surpreendente. Quanto mais “polémica” a figura, mais adeptos ela atrai. Para eles, a ilogicidade parece lógica.
Para que esse fenómeno extraordinário aconteça, é necessária uma fusão de impulsos mentais, alicerçada em uma confiança total naquele que o representa, semelhante a uma epidemia moral ou estados hipnóticos coletivos. Ele, por sua vez, deve estar convicto da sua própria ilusão, mantendo o pé no acelerador mesmo ao se aproximar do precipício. Tampouco teme a justiça ou a prisão, interpretando este papel sem demonstrar medo ou hesitação, como se fosse uma terceira pessoa.
Em síntese, há uma força subjacente a tudo isso. O que pode parecer uma aberração agora, só será compreendido no futuro. A certeza que permanece é que, sem essa exaltação social, as mudanças em contraposição não ocorreriam. Pois o choque de forças faz eclodir transformações inovadoras e benéficas. Afinal, “não cai uma folha sem a permissão Divina”.
Mauro Falcão