Macron anuncia criação nos próximos dias de coligação de instrutores militares
O Presidente francês, Emmanuel Macron, indicou hoje, ao lado do homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, que pretende concluir nos próximos dias uma coligação internacional para enviar instrutores militares para a Ucrânia, tal como o início de formação em caças Mirage.
"Vários dos nossos parceiros já deram o seu acordo", declarou o chefe de Estado francês em conferência de imprensa no Eliseu, em Paris, assinalando que os próximos dias serão aproveitados para "concluir uma coligação" de formadores militares, considerando que se trata de um pedido legítimo das autoridades de Kiev.
Os ucranianos "expressaram explicitamente as necessidades por uma razão simples", segundo Macron, e que estão relacionadas com um processo de "mobilização muito forte" para as Forças Armadas de milhares de novos recrutas e a formação será "mais prática em solo ucraniano".
Nas suas declarações, o líder francês ignorou as ameaças recorrentes da Rússia, que alega que Paris se tornará cobeligerante e corre o risco de ver os seus soldados mortos na Ucrânia: "Quem seríamos nós para ceder às invocações ou ameaças da Rússia?", questionou.
Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, as intenções do Presidente francês de apoio militar à Ucrânia mostram que Paris está "pronta para participar diretamente no conflito" que se prlonga desde fevereiro de 2022.
A respeito dos caças franceses Mirage 2000-5 que poderiam ser vendidos a Kiev, Macron escusou-se a revelar o número de aparelhos envolvidos no acordo com a França ou com outros países que poderiam fazer o mesmo, mas confirmou que a formação de pilotos e mecânicos ucranianos começaria "nos próximos dias" em território francês.
França e Ucrânia assinaram hoje dois acordos avaliados em 650 milhões de euros em empréstimos e doações a Kiev para apoiar, em particular, as infraestruturas energéticas vitais visadas pelos bombardeamentos russos.
O grupo de equipamento militar franco-alemão KNDS, que fabrica nomeadamente canhões Caesar, formalizou pelo seu lado a criação de uma filial na Ucrânia.
Kiev continua a pedir aos parceiros europeus que aumentem o seu apoio militar, enquanto a Rússia ganha terreno no leste e no norte da Ucrânia e os aliados expressam preocupação com as consequências para o conflito de uma vitória do republicano Donald Trump nas próximas eleições presidenciais norte-americanas.
Macron pediu por outro lado a Moscovo que liberte imediatamente o francês Laurent Vinatier, colaborador de uma organização não-governamental suíça, acusado de reunir informações sobre o Exército russo, criticando "elementos de propaganda" que "não correspondem à realidade".