Papa lamenta "ódio semeado nas gerações futuras" devido à guerra em Gaza
O papa Francisco lamentou ontem "o ódio que está a ser semeado nas gerações futuras" devido à guerra entre o Hamas e Israel e apelou novamente para o cessar-fogo, a libertação dos reféns e a ajuda humanitária aos palestinianos.
"Todo este sofrimento (...) a violência que desencadeia e o ódio que semeia também nas gerações futuras devem convencer-nos de que qualquer guerra deixa o mundo pior do que no estado em que o encontrou", sublinhou o papa, por ocasião do décimo aniversário da invocação da paz na Terra Santa, celebrada na altura pelo ex-presidente israelita Shimon Peres e por Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestiniana.
"Todos os dias rezo para que esta guerra finalmente acabe, penso em todos aqueles que sofrem, em Israel e na Palestina: cristãos, judeus e muçulmanos", destacou o papa argentino.
Francisco reiterou ainda a urgência de que "dos escombros de Gaza, surja finalmente a decisão de silenciar as armas", num novo apelo para um cessar-fogo.
"Penso nos familiares e nos reféns israelitas e peço que sejam libertados o mais rápido possível, penso na população palestiniana e peço que sejam protegidos e que recebam toda a ajuda humanitária de que necessitam", reiterou Francisco.
Para o papa, todos devem trabalhar e comprometer-se a "alcançar uma paz duradoura, onde o Estado da Palestina e o Estado de Israel possam viver lado a lado, derrubando os muros da inimizade e do ódio".
"Todos devemos valorizar Jerusalém, para que se torne a cidade do encontro fraterno entre cristãos, judeus e muçulmanos, protegida por um estatuto especial assegurado a nível internacional", concluiu Francisco, apesar de Israel proclamar esta cidade como a sua capital, após a anexação de Jerusalém Oriental.
A guerra em curso entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo Telavive.
Em represália, Israel lançou uma ofensiva em Gaza que já provocou mais de 36 mil mortos e uma grave crise humanitária no território, de acordo com as autoridades tuteladas pelo Hamas, grupo classificado como uma organização terrorista pelos Estados Unidos, Israel e União Europeia.
Na quinta-feira, Israel bombardeou uma escola da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA, na sigla em inglês) no centro de Gaza que albergava deslocados, provocando cerca de 40 mortos, incluindo pelo menos 12 mulheres e crianças, de acordo com as autoridades de saúde locais.