ONU quer libertação "incondicional" de 11 funcionários detidos por Huthis no Iémen
A ONU confirmou ontem que 11 dos seus funcionários foram "detidos" pelos rebeldes Huthis, assegurando estar a fazer todos os possíveis para obter a sua libertação "incondicional", disse o porta-voz do secretário-geral após relatos de rapto de trabalhadores humanitários.
"Posso confirmar-vos que as autoridades 'de facto' Huthis detiveram 11 funcionários nacionais das Nações Unidas que trabalhavam no Iémen", disse Stéphane Dujarric à imprensa, indicando que foram solicitados "esclarecimentos" aos Huthis.
A ONU informou que os detidos são duas mulheres e nove homens e que essas detenções ocorreram nas províncias de Hajjah, Hudaydah, Sadá e Saná.
Especificou ainda que seis eram funcionários do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, um trabalhava para o Escritório do enviado especial para o Iémen, um para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, um para o Fundo Internacional de Emergência para a Infância, um para o Programa Alimentar Mundial e outro para a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.
"Estamos a procurar todos os canais disponíveis para garantir a libertação segura e incondicional de todos eles o mais rapidamente possível", frisou Dujarric.
As circunstâncias das detenções, que ocorreram nos últimos três dias, estão ainda por esclarecer.
As detenções ocorrem quando os Huthis, que tomaram a capital do Iémen há quase uma década e têm lutado contra uma coligação militar liderada pelos sauditas, têm como alvo o transporte marítimo ao longo do corredor do Mar Vermelho, em solidariedade ao grupo Hamas na Faixa de Gaza.
O grupo rebelde iemenita tem reprimido a dissidência em todo o país, incluindo recentemente a condenação de 44 pessoas à morte.
A Organização Mayyun para os Direitos Humanos, que confirmou também a detenção dos funcionários da ONU, indicou ainda que outros grupos de ajuda tiveram funcionários detidos pelos Huthis em quatro províncias controladas pelos rebeldes -- Amran, Hodeida, Sadá e Saná. Esses grupos não confirmaram ainda as detenções.
"Condenamos nos termos mais veementes essa escalada perigosa, que constitui uma violação dos privilégios e imunidades dos funcionários das Nações Unidas que lhes são concedidos ao abrigo do direito internacional, e consideramos que são práticas opressivas, totalitárias e de chantagem para obter ganhos políticos e económicos", disse a Organização Mayyun num comunicado.
Ativistas, advogados e outras pessoas também iniciaram uma carta aberta na internet, apelando aos Huthis para libertarem imediatamente os detidos, porque se não o fizerem, isso "ajudará a isolar o país do mundo".