Livre centrou campanha nos "bons exemplos" de uma Europa verde e de integração
Contida na rua, o Livre centrou a campanha nos temas que Francisco Paupério quer priorizar no Parlamento Europeu e o "número um" do partido quis mostrar os "bons exemplos" de uma Europa verde e de integração.
Na campanha do Livre, todos os dias pareciam de visita de estudo, sempre num sítio diferente, e não pelo facto de o cabeça de lista ser um dos mais jovens na corrida a Bruxelas, mas por querer focar-se na discussão do programa e nas prioridades para a União Europeia.
Durante quase duas semanas, Francisco Paupério visitou dezenas de associações, projetos e empresas escolhidos a dedo por considerar um bom exemplo e que lhe permitiram destacar questões como o pacto europeu em matéria de Migração e Asilo, que criticou, e a necessidade de, em alternativa, reforçar apoios para a integração de migrantes.
Outra das prioridades -- e o tema que prometeu ser o primeiro a levar a debate se eleito -- foi a Lei do Restauro da Natureza, a legislação da União Europeia (UE) para restaurar zonas naturais degradadas e cuja votação tem estado em suspenso.
Biólogo de formação, Paupério rodeou-se frequentemente de colegas para defender um compromisso sério das instituições europeias na política ambiental e vê em Portugal o potencial para se tornar central nessa discussão, com a criação da figura de comissário europeu para os Oceanos que -- diz -- deve ser português.
Sem desviar muito o olhar, destacou também a aposta na mobilidade sustentável e fê-lo quando viajou de barco entre Lisboa e Cacilhas, quando foi da Figueira da Foz para Coimbra de comboio e quando andou de bicicleta em Lisboa.
Muito focado na política europeia e menos na política nacional, os esforços para centrar a campanha nos temas prioritários não chegaram para escapar à pergunta que não queria calar: a ausência de Rui Tavares.
Apesar de já ter sido candidato do Livre pelo círculo do Porto nas legislativas de 10 de março, Paupério não deixava de ser um desconhecido da maioria dos eleitores e a ausência do porta-voz e rosto mais conhecido do partido foi também mais notória por isso.
Depois de uma eleição controversa nas primárias do Livre, em abril, o candidato disse sempre não se sentir abandonado e foi reafirmando a união do partido, mas foram precisos seis dias de campanha para ter ao seu lado Rui Tavares, e até a "número dois" da lista, Filipa Pinto.
"Tenho toda a confiança naquilo que o Francisco Paupério disser acerca do programa do Livre e da União Europeia", assegurou então Rui Tavares num comício no Porto, onde esteve ao lado do candidato pela primeira vez desde o arranque oficial da campanha.
As dúvidas ficavam assim, aparentemente, esclarecidas e, a partir desse dia, o cabeça de lista passou a contar com a companhia assídua de deputados do partido. O próprio Rui Tavares cumpriu a promessa de estar mais presente e reapareceu na campanha na quarta-feira, para a tradicional pedalada em Lisboa, ao lado da outra porta-voz, Isabel Mendes Lopes.
A ida de Francisco Paupério ao Porto, com uma paragem em casa, foi também uma espécie de ponto de viragem numa campanha que, até aí, seguia tímida e com raros momentos de contacto com a população.
A prioridade continuou a ser visitar os bons exemplos daquilo que quer ver reforçado na UE, mas o candidato estreante passou a aproveitar os momentos entre ações para dar-se a conhecer, a si e às propostas do partido, acompanhado de cada vez mais apoiantes, mas nunca rodeado de grandes multidões.
Ao longo da campanha, a caravana do Livre andou quase sempre próxima do litoral, de norte a sul do país, mas esteve também no Entroncamento e em Castelo Branco.
Por onde quer que passasse, Paupério repetia a promessa de voltar quando estiver em Bruxelas, para onde o partido espera que não vá sozinho, mas na companhia da "número dois".