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Madeira

PS considera negociações para Programa de Governo "uma encenação"

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O líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, considerou hoje que as negociações para a consensualização de um programa de governo regional são "uma farsa e uma encenação", refutando as acusações de irresponsabilidade que lhe foram dirigidas pelo PSD.

"Para mim, isto [negociações entre o executivo madeirense e o Chega para tentar viabilizar um programa governativo na Assembleia Regional] é tudo uma farsa e uma encenação", disse o responsável socialista insular numa conferência de imprensa junto ao Aeroporto Internacional da Madeira - Cristiano Ronaldo, no concelho de Santa Cruz.

Paulo Cafôfo reagia às acusações do presidente do Governo Regional, o social-democrata Miguel Albuquerque, que sábado disse ser uma "total irresponsabilidade" o PS e o JPP terem recusado dialogar, contrastando com a postura de "responsabilidade" e "humildade" do Chega, IL, PAN e CDS-PP.

Na segunda-feira, o Governo Regional, representado pelos secretários da Educação (Jorge Carvalho) e das Finanças (Rogério Gouveia), e pelo chefe de gabinete do presidente do executivo insular, Rui Abreu, tem mantido reuniões com os deputados do PAN, IL, CDS-PP e Chega, para consensualizar medidas para o Programa do Governo.

Os outros partidos com assento parlamentar, PS e JPP, rejeitaram o convite, para negociar a aprovação deste documento, o que inviabiliza também um Orçamento Regional, obrigando a região a ser gerida com um regime de duodécimos.

Esta ronda surgiu depois de, em 19 de junho, o presidente do Executivo Regional ter decidido retirar a proposta de Programa de Governo que estava a ser discutida há dois dias na Assembleia Legislativa da Madeira, porque tinha chumbo anunciado, depois de ter falhado uma ronda de reuniões com diversos partidos.

O PS, o JPP e o Chega que somam 24 deputados num universo de 47 elementos que compõem o parlamento madeirense (o que significa uma maioria absoluta), mantiveram que iriam votar contra a proposta no dia seguinte.

Após as reuniões, os deputados únicos do PAN e da IL já deram por concluídas as negociações, depois de terem acordado as medidas a integrar, tendo o liberal Nuno Morna indicado que vai abster-se e a eleita do Pessoas-Animais-Natureza, Mónica Freitas, assegurado a viabilização da proposta e feito depender os sentido de voto do Programa do Governo.

O CDS-PP, que tem dois deputados, celebrou um acordo de incidência parlamentar com o PSD após as eleições de 26 de maio.

As negociações prosseguem com o Chega na segunda-feira, tendo o partido insistido no afastamento de Miguel Albuquerque, o que tem sido rejeitado pelo PSD.

Hoje, o líder socialista madeirense recordou que foi Miguel Albuquerque que durante a campanha eleitoral e quando foi recebido pelo representante a República que "disse que não dialogava com o PS", argumentando que "o PS não pode ser culpabilizado quando a direita não se entende".

"Porque quem garantiu que tinha condições para formar governo e fazer aprovar na Assembleia Regional da moção de confiança foi Miguel Albuquerque", referiu.

Cafôfo acrescentou que "quem garantiu que suportaria esse mesmo governo foi o Chega Madeira", reforçando que são estes intervenientes que têm de ser responsabilizados pela atual situação de impasse político.

Para enfatizar que as negociações são uma encenação, o eleito socialista apontou a ausência de Miguel Albuquerque na mesa das negociações, o que, no seu entender, evidenciam a "arrogância" do líder do PSD

Ainda censurou a postura do " Chega que diz que não viabiliza um Governo com Miguel Albuquerque, outra hora diz que se calhar já vai viabilizar e tem as portas abertas", contribuindo para prolongar "o suspense" nos madeirenses que continuam sem saber se terão Governo.

Paulo Cafofo vincou não estarem em causas medidas de um Programa de Governo, porque muitas dos anteriores executivos nunca foram executadas, mas a confiança em Miguel Albuquerque.

Insistiu que o argumento dos problemas da Madeira viver em duodécimos é "uma manipulação com o objetivo de criar o medo nas pessoas, de se vitimizarem (...), já a pensar nas eleições antecipadas", que, opinou, não beneficiam a região.